Como bem resumiu o jornadeiro Bruno Gonzaga, "a jornada de hoje teve direito a estradas íngremes, lamaçais, carroceria de pickup, urtiga nas canelas, trilha no morro, engenhos de cana rústicos, ótimas companhias e muitas fotos legais".
O grupo, formado por 12 pessoas, se reuniu logo cedo na praça do Centenário em Petrolina na manhã do domingo, dia 18/03/2018. Partimos às 6:40h em três carros e fizemos nossa primeira parada no posto Folha Seca para um café da manhã típico sertanejo. Depois, continuamos até Jaguarari (BA), onde chegamos às 8:40h e fomos logo ao encontro dos nossos guias e anfitriões: o Paulo Sérgio Gonçalves, secretário municipal de meio ambiente da cidade e o Alcir, irmão da jornadeira Joana Pereira de Souza, ambos profundos conhecedores da região e que nos levaram pela zona rural na busca dos engenhos de cana-de-açúcar antigos que ansiávamos por conhecer.
De Jaguarari seguimos para o distrito de Carrapichel (em Senhor do Bonfim), onde deixamos o pneu de um dos carros para reparo numa borracharia local e dois dos três carros estacionados do lado da igreja. Redistribuímos o grupo, agora formado por 14 pessoas, nos dois carros mais altos, sendo um a pickup do Paulo Sérgio. Assim, iniciamos o trecho de 10Km de terra (até o último engenho) com 5 pessoas num carro e 9 na pickup, sendo 4 na cabine e outras 5, os mais aventureiros, na caçamba.
A partir dali foram só solavancos, buracos, pedras, poeira, lamaçais, subidas, descidas, barrancos e poças d'água pelo caminho. Porém, sempre cercados por paisagens deslumbrantes com muito verde, muitas bananeiras, jaqueiras, abacateiros e mangueiras em cenários de serra de grande beleza. Conhecemos as ruínas de uma antiga ponte por onde passava a estrada e depois iniciamos as visitas aos engenhos propriamente ditos.
No primeiro não havia ninguém, mas pudemos entrar e fotografar assim mesmo. No segundo conhecemos e conversamos longamente com o seu Francisco e sua esposa Ana, proprietários do lugar que, por coincidência, comemoravam 46 anos de casados no dia da nossa visita. Ouvimos as suas histórias, tiramos muitas fotos, compramos jaca e abacates e seguimos em frente. No terceiro engenho conhecemos o seu Zezé, o mais velho de todos. Com 84 anos, eles nos contou que construiu o seu engenho em 1968 e mantém o mesmo em funcionamento até hoje graças à ajuda dos cinco filhos. Mais fotos e mais histórias até que o Paulo nos propôs seguir pela estrada por mais alguns quilômetros (no sentido de Jaguarari) para conhecer e experimentar os melhores abacaxis da região.
A pickup saiu na frente e nós fomos logo atrás. Mas a estrada foi ficando muito ruim e, depois de 3Km, não conseguimos acompanhar e decidimos voltar. Retornamos para a cachoeira e esperamos o pessoal da pickup voltar. Eles voltaram e contaram que ficamos muito próximos, por pouco não nos encontramos. De qualquer forma, trouxeram abacaxis para nós e, a partir daquele momento, a preocupação foi apenas relaxar e desfrutar do almoço simples e saboroso servido na entrada da cachoeira.
Depois do almoço, alguns ainda se animaram para fazer a trilha de cerca de 400m até o alto do morro, para apreciar a vista do lugar. Foi uma excelente caminhada, não fossem as urtigas que castigaram as pernas e canelas dos desprotegidos. De volta ao local do almoço, conversamos mais um pouco e decidimos fazer o caminho de volta já eram umas 16:00h.
No caminho, antes de chegar no asfalto, ainda optamos por fazer uma parada não prevista, num quarto engenho que haveria ali por perto. Assim foi que descobrimos a sua localização e, depois de enfrentar mais um lamaçal, fizemos uma última visita rápida, de cerca de 15 minutos, àquele que seria o engenho mais típico da região, com engrenagens de madeira ainda sendo usadas na moagem da cana (todos os demais já faziam uso de engrenagens metálicas, apesar de ainda usarem tração animal).
Na volta, corremos para pegar a borracharia aberta (ela fechava às 17:00h) e recuperar o pneu furado. No final deu tudo certo e nos pusemos em marcha na BR-407, de volta para casa, um pouco depois das 17:00h. Viajamos cansados, com os porta-malas repletos de jacas e abacaxis, mas felizes e recompensados pela pequena aventura do dia, pelos lugares conhecidos, pelo contato com uma natureza tão linda, pelas pessoas fantásticas que conhecemos e por tantas histórias de vida tão interessantes que foram compartilhadas conosco.
Deixamos aqui registrados os nossos especialíssimos agradecimentos ao Paulo Sérgio Gonçalves e ao Alcir, por toda atenção e cuidados dispensados durante o planejamento inicial e a realização da Jornada. Foi um grande prazer conhecê-los e contar com sua companhia neste dia inesquecível. Recebam o nosso reconhecimento e o nosso muito obrigado por terem dedicado o seu tempo, os seus esforços e os seus recursos para satisfazer o nosso desejo de conhecer e documentar melhor a região, além de divulgá-la para que outras pessoas possam fazer o mesmo.
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