Quando eu escrevi a mensagem de final de ano, neste mesmo dia do ano passado, eu dizia que 2012 tinha sido um ano ótimo e que eu desejava apenas que 2013 fosse uma reedição de todas as alegrias, aventuras e descobertas do ano anterior, em cenários diferentes. Dito e feito, assim transcorreu 2013, que se encerra hoje.
Começamos o ano realizando um sonho antigo: fotografar a tradicional festa de São Gonçalo, na zona rural de Petrolina. Debaixo de muito calor, muita poeira, muta música e muita comida, fizemos ótimas fotos ao longo do dia e vários de nós ainda aproveitaram para arrastar o pé em homenagem ao santo.
Depois fizemos uma série de viagens, começando com Canudos em março, depois Curaçá em abril e São José do Belmonte em maio. Canudos foi aventura pura, cheia de ruínas e na companhia do onipresente Antônio Conselheiro. Nossas pizzas entraram para a história e ainda tivemos trilhas espetaculares em locais de imensa beleza. A adrenalina ficou por conta de ônibus atolado de noite no meio do mato e longe de tudo, e princípio de incêndio em local ermo. Mas tudo foi absorvido com grande alegria e as histórias, que entraram para o nosso folclore, serão contadas ainda por muito tempo.
A viagem para Curaçá começou e terminou no mesmo dia, mas foi muitíssimo bem aproveitada: exploramos a cidade pacata com a sua bela arquitetura, fomos à Ilha da Coroa e tivemos um excelente almoço de confraternização. Participar, finalmente, da Cavalgada à Pedra do Reino, em São José do Belmonte em maio foi a realização de um outro sonho. Começamos com os ruidosos bacamarteiros no centro da cidade, fomos para a Cavalhada, conhecemos o Castelo Encantado e tivemos muita, mas muita aventura mesmo, com a famosa Cavalgada: enquanto uma pequena parte fazia um trajeto alternativo na caçamba de uma 4x4, a maior parte do grupo comeu poeira da boa e chacoalhou um bocado nas caçambas das várias pickups que acompanhavam o cortejo dos cavaleiros mata adentro. Horas depois nos encontramos na Pedra do Reino, mas a aparência dos companheiros recém-chegados era absolutamente assustadora. A compensação, é claro, veio na forma de ótimas fotos.
O primeiro semestre terminou, em junho, com um grupo grupo que decidiu se arriscar e fotografar uma festa tradicional, o Forró da Espora, em local diferente do usual. Como tudo para nós é sempre pretexto para boas fotos e muita diversão, dessa vez também não foi diferente.
O segundo semestre exigiu muita disposição e energia para conhecer locais próximos e de grande relevância para o nosso projeto. Colocamos o pé na estrada e não tiramos mais! Em agosto passamos um final de semana em Belém de São Francisco e Floresta, onde fomos à feira, apreciamos a arquitetura histórica e até no cemitério nos enfiamos. Setembro foi a vez de conhecer a Rota das Missões em Orocó. Lá navegamos com muita emoção entre as corredeiras e as pedras do rio, aportamos nas ilhas e conhecemos as ruínas desse período histórico. Escalamos o morro do mirante, uma verdadeira conquista para vários do nosso grupo, e ainda tivemos a companhia do prefeito, que nos levou para conhecer as obras da transposição e gentilmente nos levou para almoçar.
Outubro foi o mês da Serenata da Recordação em Santa Maria da Boa Vista, uma linda e romântica festa que conta com a participação da cidade inteira na beira do rio. Fonte de inspiração para as nossas lentes, nos sentimos privilegiados ao fotografar acompanhados da melhor música, executado por músicos de grande competência em ambiente de poesia pura. Foi uma jornada puxada, com a duração de uma noite e uma madrugada, mas que noite e que madrugada!
Depois de tanta movimentação, quem diria que ainda haveria fôlego para uma esticada até Paulo Afonso? Pois foi exatamente isso que aconteceu, e não faltou energia nem mesmo para escalar as trilhas, as tocas e os buracos da Serra do Umbuzeiro. Mas nem tudo foi dureza: tivemos as visitas nas usinas hidroelétricas, banho nas águas geladas do canyon do São Francisco e até jazz na praça central da cidade!
Para terminar o ano, mais uma empreitada ousada, dessa vez um acampamento (como já é tradicional nessa época do ano) no Morro da Bandeira, em Casanova. Com muita preparação e muita logística, um grupo pré-jornada precisou fazer até uma incursão prévia para localizar o barqueiro e inspecionar as condições do local. Mas o resultado foi fantástico e pudemos conhecer um local de imensa beleza, totalmente isolado do contato humano, durante um final de semana.
A jornada de 2013 foi longa, mas ao mesmo tempo parece que transcorreu em segundos. Sou capaz de fechar os olhos e me ver de novo em cada um desses locais, revivendo cada uma das sensações e emoções, rodeado pelos amigos novos e antigos, em cada situação.
Foi um ano maravilhoso, com uma importante produção visual. Mas, em se tratado de Jornadas Fotográficas, todos sabem que não ficamos apenas por aí. Conhecemos e usufruimos da companhia da querida Cristina Cenciarelli, que deixou saudades em todos por aqui. Fizemos duas exposições, primeiramente a exposição "Sertão e Qualidade de Vida" no I Encontro Nordestino de Práticas Integrativas e Complementares em Saúde", na UNIVASF Juazeiro, e depois a exposição comemorativa do nosso terceiro aniversário "Importa pra você?" na UNIVASf Petrolina, no SESC, na Galeria Eco Center e também no aeroporto. Conseguimos patrocínios importantes e com eles pudemos finalmente construir os nossos próprios expositores. Tivemos depoimentos escritos muito legais dos jornadeiros José Carlos, Suzana Leal, Joana Pereira, Júnnia, Ana Beatriz e Luciana Cajado, os quais geraram grande repercussão. Claro que também tivemos as nossas festas! A de terceiro aniversário, na sede da Sociedade 21 de Setembro, colocou o brega em evidência e transformou os jornadeiros em personagens hilários e quase irreconhecíveis. Depois, em dezembro, foi a vez do nosso tradicional amigo secreto, dessa vez na casa da jornadeira Tereza Roberta. De quebra, ainda fomos notícia de uma matéria sobre festas de final de ano no Jornal do Commercio.
Infelizmente perdemos o nosso amigo e "gerente da filial em Salvador", mas até nesse momento o grupo se mostrou solidário, se amparou e prestou a sua homenagem ao querido Cuca. Que ele esteja bem e zelando por nós lá de cima.
Só posso terminar dizendo "muito obrigado" a todos os membros dessa grande família, que não pára de crescer e de se renovar. Obrigado por prestigiarem o projeto, obrigado pela amizade e pelo apoio irrestrito, obrigado por trazer emoção, alegria e beleza para cada segundo de convivência mútua. Obrigado por fazer com que o nome "Jornadas Fotográficas" tenha se tornado sinônimo de amizade, solidariedade, diversão, aventura, descoberta e, acima de tudo, fotografia voltada para a valorização do nosso patrimônio histórico e cultural. Foi uma imensa satisfação compartilhar todos esses momentos, destinos e projetos com vocês. Espero que em 2014 a dose retorne com a mesma força. Um ótimo 2014 para todos nós!!
Expedições mensais de exploração e documentação das belezas naturais, das atrações turísticas, do estilo de vida, das tradições, da história e da cultura no sertão nordestino e no Vale do São Francisco.
terça-feira, 31 de dezembro de 2013
segunda-feira, 16 de dezembro de 2013
Retrato falado
Por Luciana Cajado
Tentarei aqui delinear o esboço de um descanso para o olhar: o retrato falado de uma das paisagens mais bonitas do Brasil. Talvez eu não seja tão fiel quanto a imagem real, caberá um pouco de sentimento no todo. Mas farei o possível para ser precisa. Descobrimos o tal descanso num recanto inusitado do país. Uma ilha? Uma ponta de areia? Um Morro da Bandeira sem bandeira? Um barranco de areia construído com as artimanhas do vento? Proponho que imaginemos juntos: em uma folha de papel em branco, comece o desenho pelas dunas – rabisque muitas, até perder de vista. Coloque bastante areia, branquinha, daquela que reluz e doem as vistas. Pinte um céu azul, tão azul de querer voar e, no meio, um sol que ascende e cada vez mais irradia aquele brilho de quinta grandeza do qual só ele é capaz. As plantas são desnecessárias a princípio, não fazem parte dessa imagem imediata. Depois do deslumbre, quando começarmos a sentir o calor, procuraremos por elas. Atravessando essa folha de papel, corte um imenso rio que arrasta tudo, inclusive o azul do céu e o suor do povo que caminha pelas duras terras do sertão brasileiro. Espalhe pelas areias algumas (ou muitas) conchas miúdas em grupos de cores – lilás, castanhas, negras, brancas –, espalhe também pedras lindas e feias. Para findar, brote do papel restos de plantas que parecem nunca ter existido, senão na forma de galhos secos, retorcidos, como se ali estivessem por obra de uma exposição de artes plásticas a céu aberto. No mais, contemple e respire.
O cenário real é baiano. O rio é o famoso Velho Chico cujas águas represadas criaram diferentes paisagens nessa região do sertão e compõem com as areias imagens exclusivas – as Dunas do Velho Chico, área em que a natureza sertaneja presenteou com grandes formações de areia, plantas escassas (mas, nem por isso, menos belas), animais adaptados ao convívio com este lugar e pouquíssimos habitantes.
Nesse contexto, o grupo das Jornadas Fotográficas do Vale do São Francisco planejou muito mais que ultrapassar o desafio de chegar às Dunas. A ideia era fechar o ano com um acampamento na “ilha” em frente às Dunas. A questão era: como chegar à Ilha? Boa pergunta... As aventuras começaram uma semana antes, quando um pequeno grupo de aventureiros saiu para desbravar a região e descobrir como chegar à segunda margem do rio. Depois de idas e vindas, pneu estourado, atolamentos, dentre outros, chegamos a Adão, o barqueiro que gentilmente aceitou nos acompanhar nesta aventura. Simpático, Adão já deixou acordado nosso encontro do próximo sábado para atravessar todos os jornadeiros que viessem para a viagem. E não éramos poucos: no sábado marcado, partimos de Petrolina, em Pernambuco, em busca de mais aventuras fotográficas e de mais um final de semana de amizade e risos compartilhados.
A travessia para a Ilha (que depois descobrimos não se tratar exatamente de uma ilha, mas de uma ponta de areia) foi tranquila, num barquinho simples e charmoso, seguindo em companhia da simpatia de Adão – que desde o início da tarde já nos esperava à margem. Ao chegar e após uma longa caminhada, instalamos nossas barracas, estacionamos um jet ski que serviria como nosso apoio em caso de urgência e preparamos a fogueira. Alguns já armavam suas câmeras, outros armavam a churrasqueira improvisada entre as pedras, outros armavam os lampiões... E, entre músicas, petiscos, flashes e risos, a noite se instalou com a companhia de estrelas, de um luar de beleza exclusivamente sertaneja e de uma notícia triste. Um celular inacreditavelmente funcionou naquele lugar distante de tudo e Maurício, um de nossos jornadeiros, recebeu a noticia da partida de um companheiro e amigo das Jornadas – Vitorino Cuca. A certeza do carinho que Cuca tinha por esse grupo e de que isso era recíproco, somado ao nosso sentimento de pesar, misturou-se ao momento de confraternização do grupo e resultou em uma homenagem muito bonita: um dos desenhos mais belos que a dor poderia produzir através da luz. A fotografia que o grupo fez para ele naquela ocasião certamente tem Cuca presente. Ele sempre quis estar conosco em uma jornada – e esteve.
A noite seguiu com as cores da madrugada e todas as possíveis descobertas que a brincadeira com a luz conseguiu registrar nas nossas câmeras.
Amanhecemos domingo, curtimos a aurora, fizemos o desjejum em coletivo e, dividindo desde o café até as pamonhas, seguimos a descobrir outros recantos da “ilha”.
Para finalizar, refrescamos o corpo e a alma de molho nas águas do São Francisco.
Partir não foi fácil: o sol imperdoavelmente escaldante, as bagagens pesadas. A caminhada de volta parecia ter triplicado da noite para o dia. Mas chegamos – as costas tostadas, as pernas em frangalhos e as mentes leves. Nos olhos, a certeza do descanso.
No retorno, almoçamos as delícias da cozinha da mãe da Flávia, em Casa Nova (BA), ao som de uma sanfona gostosa e em meio a uma preguiçosa tarde de domingo. Seguimos em viagem e chegamos ao ponto de partida no começo da noite.
Talvez, essa tenha sido a minha última jornada com o grupo. Talvez eles não saibam o tamanho da importância que eles têm para mim. Sinceramente, esses companheiros foram uma das melhores descobertas do ano na minha vida. Achei um tesouro inusitado no sertão e não poderia fechar tudo em 2013 com uma chave mais dourada do que essa viagem às Dunas.
Esse texto é uma tentativa de redesenhar o meu olhar: sobre a última jornada do ano, sobre as Jornadas do Vale do São Francisco, sobre a amizade, sobre o amor, sobre a gratidão, sobre compartilhar momentos, sobre ser humano. Hoje, minha gratidão se reflete em dividir esse olhar com vocês. Guardem-no. É a minha forma de agradecer por poder compartilhar momentos tão doces, simples e fotograficamente belos ao lado desses companheiros de jornadas.
Matéria no JC
O clima de informalidade e descontração do Jornadas Fotográficas foi tema de matéria publicada pelo Jornal do Commercio do Recife neste último dia 15/12 sobre as festas de final de ano. Com foto do encontro realizado em dezembro de 2012, a reportagem traz ainda depoimentos meus e das jornadeiras Lorena Santiago e Flavia Ramos. Para ler, basta clicar na imagem acima e depois salvar no seu computador.
Confraternização 2013
Com a presença de 30 jornadeiros aconteceu, no último 11 de dezembro, a festa de confraternização da Jornadas Fotográficas. Em clima de muita animação na casa da Tereza Roberta, foram sorteados os amigos secretos e distribuídos fotografias e presentes.
segunda-feira, 9 de dezembro de 2013
"Importa pra você?" no aeroporto Nilo Coelho
Já está montada, no Aeroporto Internacional Nilo Coelho, a última escala da exposição "Importa pra você?", depois de passar pela biblioteca da UNIVASF, pelo SESC e pela Galeria Eco Center. Situada ao lado do desembarque, ela irá movimentar ainda mais o terminal que reflete o crescimento acelerado da cidade, trazendo os questionamentos das nossas imagens para moradores e visitantes. Na foto acima, eu (Marcus Ramos, esquerda) e Maurício André (amigo e jornadeiro de longa data, direita) após a conclusão da montagem da exposição na manhã de hoje, em tempo para a chegada do primeiro vôo.
"Importa pra você?" na Galeria Eco Center
Entre os dias 26 de novembro e 08 de dezembro a nossa exposição esteve num dos principais centros de comércio da cidade, a Galeria Eco Center. Muito obrigado Dalma Coelho, Aldenice Maciel Pereira, Itamar Maia e Kel de Souza Eventos por todo o apoio.
Convocação para a 34ª Jornada Fotográfica - Morro da Bandeira
A última jornada do ano acontecerá nos próximos dias 07 e 08 de dezembro. Será, como nos anos anteriores (2012 na Ilha do Rodeadouro e 2013 na Ilha da Amélia) um acampamento numa ilha da região. Dessa vez, a escolhida foi a ilha conhecida como Morro da Bandeira (na verdade uma ilha apenas quando o nível da água está muito baixo), situada em frente às Dunas do Velho Chico em Casanova (BA).
As Dunas do Velho Chico, para quem ainda não conhece, ficam à 108Km de Petrolina e são um lugar onde dunas de areia branca na margem do rio compõem um cenário de uma legítima praia de água doce. A água é fresca, o rio é raso e o banho é perfeito. Na ilha, que fica bastante próxima da orla, o sossego é total é há uma lagoa que forma cenários de grande beleza. A travessia precisará ser feita de barco pois não há outra forma de acesso.
A ideia, como nas outras vezes, é ir no início da tarde de sábado, nos instalarmos no local com barracas e sacos de dormir, e depois fotografar a ilha no final de tarde e durante noite, além da manhã do dia seguinte. Naturalmente, vamos organizar um churrasco para a noite do sábado, se possível com boa música ao vivo tocada por algum jornadeiro e cervejas geladas para embalar a conversa e a fotografia.
sábado, 30 de novembro de 2013
Recordações de uma Serenata
Enquanto a próxima não chega, aproveite para reviver momentos da 15ª Serenata da Recordação, realizada no último dia 20 de outubro em Santa Maria da Boa Vista (PE), vendo as imagens produzidas pelos nossos jornadeiros. Através delas você irá, com certeza, entrar no clima das eternas músicas brasileiras, compartilhar do interesse e da emoção de crianças e de adultos pela festa, caminhar pelas ruas no meio dos casarões históricos, entrar na casa dos moradores e, quem sabe, até encontrar amigos e relembrar velhas histórias. Acima de tudo, você irá ficar encantado com tanta coisa e tanta gente bonita, numa festa que revigora a alma e deixa muitas recordações...
domingo, 24 de novembro de 2013
Visitante opina sobre a exposição "Importa pra você?"
Assim como outras formas de expressão artística (cinema, música, pintura, literatura etc), a fotografia desperta opiniões e sensações que, na maioria das vezes, não chega ao conhecimento dos seus autores. Como dizia Villa-Lobos, "são cartas que escrevo para a posteridade sem esperar retorno..."
Por isso, ficamos muito satisfeitos com o depoimento de um visitante ("Acord@dinho") da nossa exposição "Importa pra você?", no SESC Petrolina, que não apenas mergulhou fundo na proposta da mesma como ainda se deu ao trabalho de compartilhar a sua experiência através de um texto publicado no último dia 17/11 no Espaço do Leitor do blog do Geraldo José.
Em nome do grupo, eu gostaria de agradecer a visita e também o texto que descreve as suas emoções decorrentes da experiência. É realmente muito bom saber que o nosso trabalho é levado à sério por pessoas que, como você, dispensam a superficialidade e a banalidade da imagens cotidianas para, num exercício de reflexão crítica através da fotografia, ponderar sobre o mundo e a realidade que nos cercam. Seja sempre bem-vindo!
Por isso, ficamos muito satisfeitos com o depoimento de um visitante ("Acord@dinho") da nossa exposição "Importa pra você?", no SESC Petrolina, que não apenas mergulhou fundo na proposta da mesma como ainda se deu ao trabalho de compartilhar a sua experiência através de um texto publicado no último dia 17/11 no Espaço do Leitor do blog do Geraldo José.
Em nome do grupo, eu gostaria de agradecer a visita e também o texto que descreve as suas emoções decorrentes da experiência. É realmente muito bom saber que o nosso trabalho é levado à sério por pessoas que, como você, dispensam a superficialidade e a banalidade da imagens cotidianas para, num exercício de reflexão crítica através da fotografia, ponderar sobre o mundo e a realidade que nos cercam. Seja sempre bem-vindo!
quarta-feira, 20 de novembro de 2013
Marinheiras de primeira viagem
Por Júnnia e Ana Beatriz
Muitas histórias para contar e novas aprendizagens, jornada riquíssima essa. Melhor forma de inaugurarmos nesse grupo não poderia haver.
Durante a viagem, a conversa agradável e o clima amigável amenizaram o primeiro contratempo: o ar condicionado quebrado. Afinal, no calor do sertão, só com boa conversa ou então contando os jegues na estrada, não é, mas peraí, preso não vale... hei, cavalo e vaca também não... só jegue mesmo, e solto.
Na chegada, um almoço delicioso, ainda mais temperado pela fome. No hotel, só surpresas agradáveis: uma vista linda e o rio ao fundo no “quintal”, ou seria “murada”, ou “muro”? Não foi possível chegar a um consenso nesse ponto. As psicólogas não resistiram a um banho de rio na lua cheia, coisa de gente doida, de alma hippie e amante da natureza. Mas antes, um passeio nas usinas da Chesf, primeira parada para os cliques já ansiosos. Primeiro contato com os cânions do São Francisco, maravilha indescritível, pena ser menos conhecida e divulgada que o merecido.
O sábado teve início com a trilha do Umbuzeiro, lugar fantástico, cenários únicos que surgiam inesperadamente ao longo da caminhada. Até o clima favoreceu nesse dia! Belíssimas fotos, impossíveis sem as habilidades de um Kalango. Tércia não resistiu e ligou na hora para compartilhar a experiência com entes queridos, nesse caso, segundo José Carlos – que tudo sabe, Mel e Mingau (mais conhecidos como Papa, o chefão da máfia italiana... ou era um discípulo de Bob Marley que ao encontrar o amor, até que enfim, deixou de compor? Sorte a nossa, não é Suzana?). Afinal não é todo dia que se nasce novamente! Calma, não foi nenhuma experiência arriscada de quase morte, mas o buraco da agulha pelo qual todos passamos, paridos na serra do Umbuzeiro, que de umbuzeiro mesmo não tinha nada, só o nome e a vegetação ao redor. Depois da trilha, um merecido almoço à beira do rio, num lugar agradabilíssimo, com boa música. Com o estômago em dia, partimos pra Usina Hidrelétrica de Angiquinho, na margem Alagoana, com direito a parada para fotos na ponte que é divisa entre Bahia e Alagoas.
E o períneo que era coisa só de mulher, mas eis que o efeito diurético da cerveja fez com que o coitado, até então esquecido e negligenciado, se contraísse quase que involuntariamente. Ainda bem que não é coisa só de mulher, ufa!
Terminada a visita a Angiquinho, que nos presenteou com um belo pôr do sol, nos viramos nos trinta pra ficarmos prontos e curtirmos o Jazz na Rua da Frente. Projeto incrível, no qual além de proporcionar música de excelente qualidade, nos ensinou como compor pagode baiano. Sim, tem ciência para isso, minha gente! É preciso 3 coisas: um fato banal (tipo “a nega passando o pano”), um jogo de contrastes (tipo “tá sujo... tá limpo”) e uma palavra de ordem para mobilizar a galera (tipo “sujeeeeira”). Ah, claro, e o gritinho no final: Haaaaaaih. E aí, aprendeu? (alguém se lembra do nome do artista?).
O domingo começou bem cedo, até mudamos a rotina da pousada, que nos serviu o café da manhã uma hora antes do normal. De lá, fomos fazer o passeio de catamarã, mais um show de beleza proporcionado pela natureza. Mais um cenário para muitos cliques. De volta, pretendíamos almoçar na Prainha, mas o local estava impraticável e ainda tivemos que ouvir da dona do restaurante: “Vão embora depois de dar tanto trabalho?”. Decidimos ir ao restaurante do dia anterior, questão resolvida. Em seguida, partimos para a pousada, onde tivemos em torno de meia hora pra estarmos prontos pra volta. Às 15 horas iniciamos nosso retorno, sem o também novato Iuri, que seguiu viagem pra Recife.
José Carlos tratou de divertir a todos principalmente quando dentro do “busão”. E realmente precisamos de diversão, sem ar condicionado, poltrona dura, enfim... E quando aparecia um quebra-molas na estrada era mais um pagode baiano “quebrando o cóccix, quebrando o cóccix... quebra tuuuudo”, era Dani mais uma vez praticando o conhecimento recém-adquirido. Isso sem falar em sua vasta sabedoria sobre motéis. Enfim, às 21:30 chegamos em Petrolina.
Nossas impressões deste grupo: as pessoas se gostam e gostam de estar juntas. Somos todos muito bons, mas somos melhores juntos. Alguns partindo, deixarão saudades, mas deixarão outras coisas também: moto, gato, enfim. Outros chegando, mas que pareciam já estar todo o tempo ali, no grupo, sensação de pertencimento. Impossível ser de outra forma em um grupo tão acolhedor e com um propósito nobre compartilhado: a busca de novos ângulos, enquadres, cores e contrastes. Este, definitivamente, é um grupo que tem história pra contar e que a cada momento, a cada encontro, escreve e reescreve essa história por meio das experiências e risadas compartilhadas, além das fotografias, claro, o motivo que nos une. Temos a impressão que o melhor da fotografia não é o produto em si, mas como se chega nele, o que é preciso fazer para se chegar à imagem final, isso sim é o mais divertido, o motivador. Essa jornada, como provavelmente todas as outras anteriores, cada uma por seus motivos, foi especial. Lugar e companhias mais inspiradoras para lindas fotos não poderia haver. E falando nelas, nada melhor do que as imagens registradas para contar mais essa anedota. Então, deixemos dessa conversa fiada e vamos a elas. Apreciem, porque, como disse Tereza, é o que se leva da vida: bons momentos com pessoas queridas, em lugares especiais.
segunda-feira, 18 de novembro de 2013
Natureza, história, jazz e diversão em Paulo Afonso
O dia seguinte, sábado, nos levou para a Serra do Umbuzeiro, onde uma longa caminhada nos transportou para lugares de imensa beleza, com vistas maravilhosas para uma região de planície vista do seu ponto mais alto. Ao longo do percurso, sítios com pinturas rupestres, vales com formações rochosas espetaculares, tocas ("Toca da Espingarda" e "Toca da Onça"), passagens estreitas ("Buraco da Agulha") e cruzeiro entre outras. Foram várias horas de caminhada, mas o tempo nublado ajudou e evitou que o desgaste físico fosse ainda maior.
Na parte da tarde estivemos na usina de Angiquinho, do outro lado do rio. Lá, onde a vista da região, do rio e dos canyons é ainda mais espetacular, pudemos caminhar à vontade, apreciar toda a força da natureza, conhecer de perto a história de Delmiro Gouveia e do seu projeto empreendedor até que, finalmente, o sol se despediu deixando um rastro de aquarelas de grande beleza no céu.
Já de noite, retornamos à pousada para um banho rápido e depois voltamos à Paulo Afonso para uma noite de jazz e cultura no centro da cidade. Além da música de alto-nível, tivemos stand-up comedy (com uma aula muito legal sobre como compor o legítimo "pagode baiano"), recital de poesias cantadas, desenho, fotografia e um bate-papo com Jorge Papapá, compositor homenageado da noite. Tudo tão interessante mesmo, que ninguém queria ir embora antes do final.
Mas o dia seguinte começaria cedo, e às 6:30h já estávamos de novo no ônibus para fazer o passeio de catamarã pelos canyons do São Francisco. Durante cerca de duas horas e meia, conhecemos de perto da força da natureza que produziu uma obra ímpar e de grande impacto. Rochas imensas, com até 80m de altura, circundam o rio em ambos os lados, fazendo o caminho para uma água verde cristalina e uma vegetação rica e variada. Num determinado ponto, parada para banho nessas águas maravilhosas antes do retorno para o local da partida.
Almoço e banho na pousada, e já estávamos de volta ao nosso ônibus, prontos para o retorno, às 15:00h. Eram 21:30h quando, já em Petrolina, nos despedimos cheios de imagens e sensações que certamente irão nos marcar por muito tempo. Foi uma excelente viagem, plena de atrativos visuais e de histórias de grande valor, as quais foram muito bem aproveitadas por esse grupo de fotógrafos aventureiros.
Aproveito para dar as boas-vindas aos estreantes Ana Beatriz, Douglas Iuri, Cristina Barbosa, Marta Verônica, Edilson, Roberto Remígio e Tercia Andrade, que realizaram a sua primeira Jornada Fotográfica conosco em Paulo Afonso.
terça-feira, 12 de novembro de 2013
Rio abaixo e acima no resgate das Missões
Acompanhe-nos na viagem que inicia na orla de Orocó (PE) e segue rio acima e rio abaixo, através de muitas corredeiras e obstáculos, até chegar nas ilhas que abrigam as antigas Missões das quais ainda restam vestígios de grande beleza e valor histórico. No meio do caminho, vamos apreciando a paisagem do entorno, a flora e a fauna da região, e também nos deparando com sinais da ocupação humana e até de tribos indígenas que habitam os locais por onde passamos.
Depois do passeio, vamos até o alto do morro de onde se tem uma belíssima vista da cidade. De volta à mesma, aproveitamos para contemplar - e registrar - um pouco da vida local numa pacata tarde de domingo. Para acessar as fotos da 31ª Jornada Fotográfica - Rota das Missões em Orocó, é só clicar aqui. Bom proveito para todos e parabéns aos destemidos jornadeiros que não se intimidaram diante de barcos superlotados, águas perigosas, calor excessivo, trilhas acidentadas, mata cerrada e árduas subidas para conhecer - e fotografar - as atrações mais interessantes da região, e cujo belo resultado agora é exibido.
Depois do passeio, vamos até o alto do morro de onde se tem uma belíssima vista da cidade. De volta à mesma, aproveitamos para contemplar - e registrar - um pouco da vida local numa pacata tarde de domingo. Para acessar as fotos da 31ª Jornada Fotográfica - Rota das Missões em Orocó, é só clicar aqui. Bom proveito para todos e parabéns aos destemidos jornadeiros que não se intimidaram diante de barcos superlotados, águas perigosas, calor excessivo, trilhas acidentadas, mata cerrada e árduas subidas para conhecer - e fotografar - as atrações mais interessantes da região, e cujo belo resultado agora é exibido.
terça-feira, 5 de novembro de 2013
"Importa pra você?" no SESC Petrolina
Sucesso total na abertura da exposição "Importa pra você?" no SESC Petrolina na noite ontem. Obrigado a todos os presentes e também aos que não puderam comparecer mas enviaram votos de felicitações. Obrigado também a Michael Robinson Chávez e Matthew Teague, do Los Angeles Times, em passagem pela cidade a trabalho, que nos prestigiaram com a sua presença.
sábado, 2 de novembro de 2013
Próximas edições da exposição "Importa pra você?"
Foto de Itamar Maia
- SESC Petrolina: 04 a 24 de novembro de 2013;
- Galeria Eco Center: 26 de novembro a 08 de dezembro de 2013;
- Aeroporto Nilo Coelho: 10 a 22 de dezembro de 2013.
Serão excelente oportunidades para aumentar a visibilidade do nosso trabalho e alcançar um público ainda maior. Aproveito para deixar registrados aqui os agradecimentos para Hednilson da Silva, Marcos Ribeiro e André Brandão (SESC), Dalma Coelho (Galeria Eco Center) e George Santos (Infraero), que acolheram com entusiasmo a proposta da exposição e ofereceram todo o apoio para a sua realização.
Nesta próxima segunda-feira, dia 04/11, haverá uma pequena vernissage a partir das 20:00h para os que comparecerem à inauguração da exposição no SESC.
Convocação para a 33ª Jornada Fotográfica - Paulo Afonso (BA)
Desta vez iremos para a cidade de Paulo Afonso (BA), distante cerca de 400Km de Petrolina, e como ela também situada na margem no rio São Francisco. Lá iremos visitar não apenas o complexo de usinas hidroelétricas, famoso em todo o país, mas também a usina de Angiquinho, a primeira desse tipo a funcionar no Brasil. Também estão previstos passeios fotográficos de catamarã pelos caniôns do rio e uma trilha pela Serra do Umbuzeiro, onde teremos um contato mais próximo com a natureza local e poderemos apreciar com as nossas câmeras e lentes toda a beleza e exuberância oferecidas pela região. As viagens de ida e de volta acontecerão respectivamente na manhã da sexta-feira e na tarde do domingo, e os passeios serão realizados na tarde da sexta-feira, no sábado inteiro e na manhã do domingo.
segunda-feira, 28 de outubro de 2013
Três anos de Jornadas Fotográficas
O aniversário aconteceu em setembro mas a comemoração foi agora em outubro, no último sábado, dia 26. Na noite desse dia, 33 jornadeiros se produziram dentro do melhor estilo brega para celebrar, no salão de festas da Sociedade 21 de Setembro, três anos de muita fotografia, amizade, aventuras e diversão. Com direito a bolo de aniversário, parabéns pra você, discurso, projeção de fotos de making-of, trilha sonora e iluminação de primeira, foi sem dúvida uma noite muito agradável e memorável. Obrigado a todos os que participaram, e também aos que, por um motivo ou pelo outro, não puderam estar presentes nessa noite mas nos enviaram as suas melhores vibrações, que com certeza fizeram toda a diferença nessa noite tão especial.
quinta-feira, 24 de outubro de 2013
Uma jornadeira e suas sensações
Por Joana Pereira
Quando estou em uma Jornada Fotográfica, sensações me perseguem, e é sobre algumas em especial que quero comentar. Fazer parte do grupo tem me proporcionado muitos aprendizados e aguçados sentimentos de plenitude, prazer, saudade e pertencimento. Desde a tomada de decisão em ir para uma jornada, as informações sobre o lugar, o envolvimento com os amigos que comungam objetivos sobre a arte da fotografia, a viagem, até o acolhimento das pessoas, é tudo expectativa. A Jornada para a 15ª Serenata da Recordação em Santa Maria da Boa Vista/PE foi um desses momentos inusitados.
O encontro que tinha como objetivo capturar o melhor ponto de vista, a boa imagem que referendasse o décimo quinto aniversário da “Tradicional Seresta” parece que só seria realmente bom se o grupo estivesse completo. “E a Dani que não chegou, trouxe o colchonete para ela” o Zé pontua. Logo veio a surpresa, a sensação de desfalque. Incrédulos com o número de jornadeiros formado até o momento que iria para Santa Maria da Boa Vista, aguardava-se por uma alteração. Bem, o que parece é que a saudade já mostrou a cara e cada um aguarda por aquele que mais se identifica.
Quando esperávamos que mais alguém chegasse para compor a cena era porque tínhamos certeza que perderiam muito se não compartilhasse daquele momento. Foi surpreendente constatar a beleza dos detalhes das ruas que serviram de recorte visual para vivenciarmos o espetáculo de luzes, brilho, alegria dos seresteiros e o glamour de todos que ali se encontravam. Cada jornada que deixamos de ir perdemos em tese não só no número de fotos para o nosso acervo, mas deixamos de sentir a emoção e a sedução que momentos ímpares nos oferecem. Quando nos apoderamos daquele olhar de cumplicidade e rememoramos a corrida de argolinha, o azul, o vermelho, relatos dos antigos apaixonados que arriscavam dizer através da melodia, do violão e da sacada, trazemos à tona uma gama de sentimentos.
Tudo são signos que nos remetem ao presente de uma Cavalgada ou uma Tradicional Seresta onde moradores não querem que acabe. Os “15 anos de Recordação” tematiza uma festa em uma cidade ribeirinha e constitui um resgate e uma confirmação do quanto ainda vive o desejo na filha e no filho dos seresteiros. A veracidade de uma emoção que até hoje é sentida na melodia “[...] afinal se amar demais passou a ser o meu defeito [...]”, “[...] Eu não penso mais em nada/ A não ser só em voltar [...]”. O contágio nas ruas e o coro acompanhado dos seresteiros é o resultado de como a música, enquanto arte, pode causar sensações e aproximar os incautos e diferentes, tornando-os uma unidade de desejos e belezas. Afirmo com todas as letras que foi uma jornada marcante.
Quando as jornadas são descritas, denúncias e flagrantes se tornam visíveis e consequentemente há lamentos por não ser mais um elemento da composição. A nitidez, a perspectiva, a luz, o contraste complementam o recorte bem pensado, o clic bem dado. Quanto mais fotógrafos mais registros e possivelmente maior calor humano e aprendizado. Então, ao cantar e ouvir os versos “[...] Nos livros que eu tento ler/Em cada frase tu estais/Nas orações que eu faço/Eu encontro os olhos teus [...]” revela-se um saudosismo e a falta de algo e alguém. Essa alocução próxima à data de aniversario do grupo nos remete a uma lista enorme de nomes que complementam e caracterizam o grupo Jornadas Fotográficas do Vale do São Francisco.
E por falar nos traços individuais dos jornadeiros não refutamos a paz e a sabedoria de muitos. Somos tantos, uns com mais e outros com mais ainda. Mas, voltando à fita, lembro que fechamos nossa jornada com chave de ouro. Mudamos nosso ritmo de seresta para sertanejo. E foi por aí que alguns jornadeiros conseguiram cumprir o prometido: acompanharam todo o festejo, só retornando quando o dia amanheceu. Bom, a excentricidade do Zé não podia deixar por menos e fui sobressaltada no colchonete com uma música que vinha da sacada “Eu não abro não”. O som era agudo, forte e despretensioso, era uma resposta a um lamento de Luciana que vinha lá de baixo “Zé abre a porta”. A Alvany e Isabel, que ainda dormiam no quarto ao lado imediatamente levantaram.
Pertencer e viver no grupo significa saborear a plenitude das emoções que cada integrante exala. E continua nossa caminhada para completar o terceiro ano de laços fortalecidos, liderança empática ao extremo, MARCUS RAMOS!!!! Parabéns a todos, os novos, os veteranos e aqueles que simpatizam com a proposta do grupo.
domingo, 20 de outubro de 2013
Encontro com Cristina Cenciarelli
Confratenização de jornadeiros com a fotógrafa italiana Cristina Cenciarelli após o Encontro Fotográfico do último dia 18/10/2013, em noite que contou também com a presença da fotógrafa Fernanda Capibaribe.
Uma Serenata para a alma
Faltam palavras para descrever a beleza da Serenata da Recordação, realizada na noite de ontem em Santa Maria da Boa Vista (PE). Serenatas não são típicas na região, por isso o interesse em conhecer de perto este evento, que já se encontra na sua 15ª edição (o primeiro da série aconteceu em 1999).
Depois de partir de Petrolina às 16:30h, chegamos em Santa Maria perto das 18:00h. Como a festa só iniciaria às 21:00, aproveitamos para circular pela cidade e nos familiarizar com a decoração e a circulação.
Repleta de visitantes vindos de todos os cantos, a parte central da cidade estava muito bem arrumada, com carpete vermelho no chão, janelas enfeitadas com cortinas aparentes e flores, arcos na entrada das ruas etc. Em cada casa, em cada detalhe, era visível o carinho e o capricho dos moradores e dos organizadores com o acolhimento e a boa apresentação.
Eram pouco mais de 21:00h quando casais de debutantes, no melhor estilo da serenata romântica, entraram em traje de gala e, após desfilarem pelas ruas, se posicionaram na escadaria em frente ao palco principal. Às 23:30 chegaram as autoridades (prefeita, secretários, organizadores, patrocinadores etc) e logo atrás deles os seresteiros com os seus instrumentos, cantando canções atemporais em meio à casarões históricos e remetendo o cortejo que os seguia para um cenário de "belle époque" que todos carregamos no imaginário.
Uma vez instalados no palco, as autoridades fizeram os seus discursos e, em seguida, os seresteiros desfilaram uma vez mais o seu repertório, dessa vez devidamente amplificados e iluminados, para o deleite das famílias que ocupavam as mesas ao redor e dos visitantes que preenchiam os espaços livres.
Terminada a apresentação no palco, teve início a parte mais emocionante da noite: foi quando os seresteiros desceram do mesmo e, a pé, seguiram cantando pelas ruas madrugada adentro, em perfeita sintonia com a lua cheia, o clima ameno, a brisa que soprava do Velho Chico, as ruas pouco iluminadas e o casario antigo.
Ao longo do trajeto, recheado das melhores músicas e de excelentes interpretações, uma verdadeira homenagem ao melhor da música brasileira, paradas estratégicas em seis residências previamente designadas para homenagear antigos moradores, relembrar velhas histórias, enaltecer a vida, destacar a obra, e associar-se aos antepassados para contar a história da cidade e dos seus personagens mais importantes. Tudo isso em clima de muita emoção, com direito a cumprimentos efusivos e discursos dos seresteiros e também dos moradores, que ainda ofereciam comes e bebes para os presentes. Jovens, adultos e idosos participavam com a mesma emoção, e até os que já se foram estavam presentes na forma de fotografias colocadas em mesas nas portas e janelas das casas. Até na residência do padre houve parada para soltar os pulmões, tocar os instrumentos e pedir a benção.
Depois desse circuito mágico e inesquecível, o retorno ao palco principal, porém dessa vez para assistir à apresentação de Altemar Dutra Júnior, que embalou a multidão com canções do pai e outras do repertório romântico. Nada comparado, no entanto, com a magia, a beleza e a grandeza da caminhada com os seresteiros e dos seus encontros com os moradores.
Não muito depois, o céu começava a clarear e a maioria dos visitantes já tinha voltado para casa. Hospedados num apartamento gentilmente cedido pela nossa anfitriã, alguns dos nossos jornadeiros puderam descansar um pouco antes do retorno que aconteceu às 7:00 da manhã desse domingo. Antes das 8:30 já estávamos de volta em Petrolina. Exaustos, com poucas ou nenhuma hora de sono, mas extremamente gratificados pelo que vimos e ouvimos. A população de Santa Maria da Boa Vista está de parabéns pelo belíssimo evento que hospeda e do qual é artista principal e coadjuvante. Também estão de parabéns os organizadores por tanto zelo e capricho, visível em cada detalhe dessa noite encantadora.
Deixo aqui os meus sinceros e profundos agradecimentos ao Júnior Bedor, pelo convite e por todo apoio no sentido de viabilizar a nossa presença no evento. O nosso muitíssimo obrigado para Suely Gonzaga, diretora do evento que nos recebeu na chegada e disponibilizou um apartamento como ponto de apoio durante a permanência do nosso grupo na cidade.
Que a Serenata da Recordação possa continuar cumprindo por muitos e muitos anos a sua função de preservar e divulgar a boa música, estimular os bons hábitos de convivência comunitária e, principalmente, trazer tanta emoção e tanta alegria para tantas pessoas. É realmente um privilégio sentir que fazemos parte de uma celebração tão linda e saudável, que reacende a nossa esperança em um futuro melhor e mais auspicioso.
Depois de partir de Petrolina às 16:30h, chegamos em Santa Maria perto das 18:00h. Como a festa só iniciaria às 21:00, aproveitamos para circular pela cidade e nos familiarizar com a decoração e a circulação.
Repleta de visitantes vindos de todos os cantos, a parte central da cidade estava muito bem arrumada, com carpete vermelho no chão, janelas enfeitadas com cortinas aparentes e flores, arcos na entrada das ruas etc. Em cada casa, em cada detalhe, era visível o carinho e o capricho dos moradores e dos organizadores com o acolhimento e a boa apresentação.
Eram pouco mais de 21:00h quando casais de debutantes, no melhor estilo da serenata romântica, entraram em traje de gala e, após desfilarem pelas ruas, se posicionaram na escadaria em frente ao palco principal. Às 23:30 chegaram as autoridades (prefeita, secretários, organizadores, patrocinadores etc) e logo atrás deles os seresteiros com os seus instrumentos, cantando canções atemporais em meio à casarões históricos e remetendo o cortejo que os seguia para um cenário de "belle époque" que todos carregamos no imaginário.
Uma vez instalados no palco, as autoridades fizeram os seus discursos e, em seguida, os seresteiros desfilaram uma vez mais o seu repertório, dessa vez devidamente amplificados e iluminados, para o deleite das famílias que ocupavam as mesas ao redor e dos visitantes que preenchiam os espaços livres.
Terminada a apresentação no palco, teve início a parte mais emocionante da noite: foi quando os seresteiros desceram do mesmo e, a pé, seguiram cantando pelas ruas madrugada adentro, em perfeita sintonia com a lua cheia, o clima ameno, a brisa que soprava do Velho Chico, as ruas pouco iluminadas e o casario antigo.
Ao longo do trajeto, recheado das melhores músicas e de excelentes interpretações, uma verdadeira homenagem ao melhor da música brasileira, paradas estratégicas em seis residências previamente designadas para homenagear antigos moradores, relembrar velhas histórias, enaltecer a vida, destacar a obra, e associar-se aos antepassados para contar a história da cidade e dos seus personagens mais importantes. Tudo isso em clima de muita emoção, com direito a cumprimentos efusivos e discursos dos seresteiros e também dos moradores, que ainda ofereciam comes e bebes para os presentes. Jovens, adultos e idosos participavam com a mesma emoção, e até os que já se foram estavam presentes na forma de fotografias colocadas em mesas nas portas e janelas das casas. Até na residência do padre houve parada para soltar os pulmões, tocar os instrumentos e pedir a benção.
Depois desse circuito mágico e inesquecível, o retorno ao palco principal, porém dessa vez para assistir à apresentação de Altemar Dutra Júnior, que embalou a multidão com canções do pai e outras do repertório romântico. Nada comparado, no entanto, com a magia, a beleza e a grandeza da caminhada com os seresteiros e dos seus encontros com os moradores.
Não muito depois, o céu começava a clarear e a maioria dos visitantes já tinha voltado para casa. Hospedados num apartamento gentilmente cedido pela nossa anfitriã, alguns dos nossos jornadeiros puderam descansar um pouco antes do retorno que aconteceu às 7:00 da manhã desse domingo. Antes das 8:30 já estávamos de volta em Petrolina. Exaustos, com poucas ou nenhuma hora de sono, mas extremamente gratificados pelo que vimos e ouvimos. A população de Santa Maria da Boa Vista está de parabéns pelo belíssimo evento que hospeda e do qual é artista principal e coadjuvante. Também estão de parabéns os organizadores por tanto zelo e capricho, visível em cada detalhe dessa noite encantadora.
Deixo aqui os meus sinceros e profundos agradecimentos ao Júnior Bedor, pelo convite e por todo apoio no sentido de viabilizar a nossa presença no evento. O nosso muitíssimo obrigado para Suely Gonzaga, diretora do evento que nos recebeu na chegada e disponibilizou um apartamento como ponto de apoio durante a permanência do nosso grupo na cidade.
Que a Serenata da Recordação possa continuar cumprindo por muitos e muitos anos a sua função de preservar e divulgar a boa música, estimular os bons hábitos de convivência comunitária e, principalmente, trazer tanta emoção e tanta alegria para tantas pessoas. É realmente um privilégio sentir que fazemos parte de uma celebração tão linda e saudável, que reacende a nossa esperança em um futuro melhor e mais auspicioso.
sexta-feira, 18 de outubro de 2013
"Importa prá você?" na TV
segunda-feira, 14 de outubro de 2013
Convocação para a 32ª Jornada Fotográfica - Serenata da Recordação
A nossa próxima Jornada acontecerá na noite do dia 19 de outubro (sábado), durante a 15ª Serenata da Recordação na cidade de Santa Maria da Boa Vista (PE). A Serenata é um evento que reúne moradores e visitantes dentro da melhor tradição romântica, ao som dos seresteiros que percorrem as ruas da cidade, passam pelas casas para saudar as famílias e tocam noite adentro, até o amanhecer. E nós estaremos lá com os nossos olhares e as nossas máquinas fotográficas para registrar os sentimentos, a movimentação e os detalhes dessa inusitada celebração sertaneja, às margens do Velho Chico.
domingo, 13 de outubro de 2013
Entre Belém e Floresta
Já estão disponíveis as fotos da 30ª Jornada, realizada em agosto de 2013 nas cidades de Belém de São Francisco e Floresta, ambas em Pernambuco. O resultado pode ser conferido aqui. Espero que todos apreciem o resultado!
sexta-feira, 4 de outubro de 2013
Tradicional Forró da Espora
Tradicional festa organizada pela prefeitura de Petrolina há mais de 40 anos, na época do São João, o Forró da Espora está agora documentado pela lente dos nossos jornadeiros. Confiram o resultado clicando aqui e curtam a música, as comidas, as bebidas e principalmente o prazer e a simplicidade de todos que os tiraram a noite para se divertir, participando ou apenas assistindo.
terça-feira, 24 de setembro de 2013
Palavra de Jornadeira
Por Suzana Leal
O mestre mandou avisar: saímos às 5h30!! Não atrasem! E no local e horário marcado estávamos todos lá, preparados para mais uma aventura fotográfica. Bom, todos não! Faltava um. Quem? Ele mesmo, Eugênio Souza! Que dormia tranquilamente seu sono e apareceu quase uma hora depois com a cara e a careca mais lisa do mundo atrasando a programação.
Agora todos a postos, lá vamos nós com destino a Orocó/PE para a nossa 31ª Jornada Fotográfica. Mas dessa vez, sem avisar e rompendo drasticamente com a tradição, Aldenice não levou bolo de banana para o nosso café da manhã no ônibus, dava para notar as carinhas de tristeza... poxa, aquele bolo banana...que saudades dele... O jeito foi parar para o café em Santa Maria da Boa Vista/PE e aí descobrimos que ser jornadeiro também é inflacionar a economia local. Dona Maria, quanto é um pão com margarina? Para vocês é R$ 1,50!
Todos abastecidos de café e muito açúcar, voltamos ao ônibus. Zé Carlos, sem Joana para acalmá-lo e calçando alpercata com meia, escolhe Danielly para vítima e “bulina” a menina durante toda a viagem. Enquanto isso, Eugênio vai cantando o mantra da paz “pela verdade, pelo seu poder, paz, amor e harmonia... ” tirando o sossego de quem ainda queria dormir uns minutinhos a mais.
Por volta das 8:00h chegamos a Orocó e seguimos direto ao encontro dos barqueiros que nos conduziriam pelo mesmo caminho que no século XVII fizeram os frades capuchinhos franceses em suas missões de catequese dos índios que habitavam aquela região. Aqui nosso primeiro grande desafio, momento de apelar para todos os santos e orixás pedindo coragem para entrar naqueles barquinhos sem colete salva-vidas. Dividimos o grupo e em dois barcos descemos rio abaixo em direção a ilha de São Félix. O rio São Francisco nessa região tem um formato bem diferente do que estamos acostumados a ver em Petrolina/Juazeiro. São ilhas, ilhotas e muitas pedras que formam corredeiras e dificultam a navegação. E apesar de podermos observar as intervenções do homem na natureza, esse trecho do rio ainda está bastante preservado. Pássaros, cágados e borboletas se exibem para nossas lentes por todo o caminho.
A chegada à ilha de São Félix, área federal protegida e morada dos índios da tribo Trucá, surpreende bastante pois não havia praticamente ninguém na vila e os casebres de taipa, o lixo e as várias garrafas de aguardente deixam em quem visita a ilha pela primeira vez uma sensação de abandono e decadência. No meio da vila as ruínas da Igreja de São Félix sinalizam a passagem dos jesuítas por ali. Timidamente surge um ou outro morador, desconfiados, quase não falam e só interagem mesmo quando perguntamos algo. De repente alguém acha um lugar sagrado no meio da ilha e grita, vem ver! Vem ver! Não era uma igreja, nem um cemitério, nem mesmo uma gruta com uma santa dentro e sim um recanto, bem escondido embaixo de um “pé de cola”, tinha de tudo ali! Galinhas chocando ovo dentro de um freezer velho, pé de “cacau” pra não dizer bucha, vassoura de Harry Potter, bruxas, cadeira elétrica, espelhos e para quem não perde a oportunidade de ficar bonito tinha até maquiagem natural de urucum... Tudo o que atiça a imaginação, enche os olhos dos jornadeiros e nos deixam ávidos por fotografar e também, claro, que nos faz dar boas risadas. Mais adiante, outros jornadeiros querem saber como é ser índio, se enfeitam de saia e cocar e... xiiiss, olha a foto!
Hora de partir para a próxima ilha em busca da igreja de São Miguel. Um dos barqueiros dá um aviso muito especial, “Os que irão no meu barco fiquem sentados porque é a primeira vez que eu vou para aquelas bandas do rio”. E outra vez lá vamos nós agarrados a todos os santos e jesuítas! A essa altura o sol já consumia o nosso juízo e a fome começava a apertar. Chegamos às ruinas da igreja de São Miguel, clicks, clicks, clicks e a pergunta que não quer calar, não tinha um lugar mais fácil para construir uma igreja, não? Se já é complicado chegar aqui hoje imagina no tempo dos Jesuítas com todo esse material de construção!
Partimos para a ilha da Vila, agora rio acima, sol, calor e o motor do barco tro-tro-tro-tro-tro-tro desafiando nossa paciência. Estava sofrido mas era por uma boa causa pois íamos ver a famosa igreja onde os índios “rebeldes” não pintaram nas paredes temas europeus como pediram os jesuítas e sim peixe e coisas típicas da região... Na ilha da Vila o barqueiro não quis nos acompanhar até as ruinas da igreja, só disse que ficava logo ali... mas esse “ali” não chegava nunca e quando o “ali” chegou e finalmente localizamos as ruínas custou um pouco para a turma entender que os losangos pintados nas paredes eram os tais famosos peixes.
Hora de voltar para Orocó e novamente fomos surpreendidos pelo barqueiro... “só tem um barco mas é igual a coração de mãe, cabe todo mundo!”. Outra vez lá vamos nós, todos no mesmo barquinho e com a certeza de que não precisávamos mais nos agarrar a santo nenhum, pois Deus é jornadeiro, só pode!
Por volta das 15:00h, felizes por estar em terra firme, fomos ao encontro do prefeito da cidade, Sr. Reginaldo Crateús, que gentilmente nos recepcionou com um almoço e em seguida nos conduziu até as obras da transposição do rio São Francisco na divisa com a cidade de Cabrobó. Pausa para mais uma foto oficial e todos com um só pensamento, como será a pousada? Para o desencanto de muitos a pousada era uma pousada muito engraçada... quem tinha ar-condicionado não tinha frigobar, que tinha cama não tinha chuveiro quente, quem tinha chuveiro quente não tinha travesseiro e por aí vai, mas no final tudo se ajeita, são muitas emoções, faz parte do espirito jornadeiro!
A noite foi de confraternização e pizza na pracinha quase deserta da cidade, conversas e muita descontração brindaram o sucesso do primeiro dia de jornada.
No domingo cedinho todos prontos para subir a serra e apreciar a vista lá de cima... tem jornadeiro que sobe rápido e não reclama, tem jornadeiro que sobe rindo, tem jornadeiro que só reclama e tem jornadeiro que... Sobe, clica, para, sofre, clica, sobe, cansa, bebe água, queima a pele, clica, clica, sobe, xinga, jura que nunca mais vai voltar, sobe, pensa em desistir, descansa, sobe, clica, bebe mais água, respira, clica, aprecia a vista, sobe, sobe, avista a cruz, fica feliz, tá perto, sobe mais um pouquinho, uuuf cheguei!! Parabéns Ângela você é a superação em pessoa!!!
Lá de cima da Serra Linda registramos a seca ardendo ao lado do rio abundante, tão contraditório é o sertão...e pensamos, será mesmo a transposição o remédio? Lá de cima registramos o rio de água verdinha que convida para um banho, dizem que lá embaixo tem um balneário, uma cachoeira (que nunca achamos), um peixe na brasa e uma cerveja gelada... e é para lá que vamos comemorar e fotografar o final de mais uma jornada.
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