Por Joana Pereira
Quando estou em uma Jornada Fotográfica, sensações me perseguem, e é sobre algumas em especial que quero comentar. Fazer parte do grupo tem me proporcionado muitos aprendizados e aguçados sentimentos de plenitude, prazer, saudade e pertencimento. Desde a tomada de decisão em ir para uma jornada, as informações sobre o lugar, o envolvimento com os amigos que comungam objetivos sobre a arte da fotografia, a viagem, até o acolhimento das pessoas, é tudo expectativa. A Jornada para a 15ª Serenata da Recordação em Santa Maria da Boa Vista/PE foi um desses momentos inusitados.
O encontro que tinha como objetivo capturar o melhor ponto de vista, a boa imagem que referendasse o décimo quinto aniversário da “Tradicional Seresta” parece que só seria realmente bom se o grupo estivesse completo. “E a Dani que não chegou, trouxe o colchonete para ela” o Zé pontua. Logo veio a surpresa, a sensação de desfalque. Incrédulos com o número de jornadeiros formado até o momento que iria para Santa Maria da Boa Vista, aguardava-se por uma alteração. Bem, o que parece é que a saudade já mostrou a cara e cada um aguarda por aquele que mais se identifica.
Quando esperávamos que mais alguém chegasse para compor a cena era porque tínhamos certeza que perderiam muito se não compartilhasse daquele momento. Foi surpreendente constatar a beleza dos detalhes das ruas que serviram de recorte visual para vivenciarmos o espetáculo de luzes, brilho, alegria dos seresteiros e o glamour de todos que ali se encontravam. Cada jornada que deixamos de ir perdemos em tese não só no número de fotos para o nosso acervo, mas deixamos de sentir a emoção e a sedução que momentos ímpares nos oferecem. Quando nos apoderamos daquele olhar de cumplicidade e rememoramos a corrida de argolinha, o azul, o vermelho, relatos dos antigos apaixonados que arriscavam dizer através da melodia, do violão e da sacada, trazemos à tona uma gama de sentimentos.
Tudo são signos que nos remetem ao presente de uma Cavalgada ou uma Tradicional Seresta onde moradores não querem que acabe. Os “15 anos de Recordação” tematiza uma festa em uma cidade ribeirinha e constitui um resgate e uma confirmação do quanto ainda vive o desejo na filha e no filho dos seresteiros. A veracidade de uma emoção que até hoje é sentida na melodia “[...] afinal se amar demais passou a ser o meu defeito [...]”, “[...] Eu não penso mais em nada/ A não ser só em voltar [...]”. O contágio nas ruas e o coro acompanhado dos seresteiros é o resultado de como a música, enquanto arte, pode causar sensações e aproximar os incautos e diferentes, tornando-os uma unidade de desejos e belezas. Afirmo com todas as letras que foi uma jornada marcante.
Quando as jornadas são descritas, denúncias e flagrantes se tornam visíveis e consequentemente há lamentos por não ser mais um elemento da composição. A nitidez, a perspectiva, a luz, o contraste complementam o recorte bem pensado, o clic bem dado. Quanto mais fotógrafos mais registros e possivelmente maior calor humano e aprendizado. Então, ao cantar e ouvir os versos “[...] Nos livros que eu tento ler/Em cada frase tu estais/Nas orações que eu faço/Eu encontro os olhos teus [...]” revela-se um saudosismo e a falta de algo e alguém. Essa alocução próxima à data de aniversario do grupo nos remete a uma lista enorme de nomes que complementam e caracterizam o grupo Jornadas Fotográficas do Vale do São Francisco.
E por falar nos traços individuais dos jornadeiros não refutamos a paz e a sabedoria de muitos. Somos tantos, uns com mais e outros com mais ainda. Mas, voltando à fita, lembro que fechamos nossa jornada com chave de ouro. Mudamos nosso ritmo de seresta para sertanejo. E foi por aí que alguns jornadeiros conseguiram cumprir o prometido: acompanharam todo o festejo, só retornando quando o dia amanheceu. Bom, a excentricidade do Zé não podia deixar por menos e fui sobressaltada no colchonete com uma música que vinha da sacada “Eu não abro não”. O som era agudo, forte e despretensioso, era uma resposta a um lamento de Luciana que vinha lá de baixo “Zé abre a porta”. A Alvany e Isabel, que ainda dormiam no quarto ao lado imediatamente levantaram.
Pertencer e viver no grupo significa saborear a plenitude das emoções que cada integrante exala. E continua nossa caminhada para completar o terceiro ano de laços fortalecidos, liderança empática ao extremo, MARCUS RAMOS!!!! Parabéns a todos, os novos, os veteranos e aqueles que simpatizam com a proposta do grupo.
Lindo texto, Joana! É curioso esse sentimento de pertencimento que o grupo traz. Só fui para duas jornadas, mas parece que fui para milhares! É tanta luz que o grupo emana, lindo de ver!
ResponderExcluirPs.: Saudade de vocês!
Não é sempre que se consegue expressar os sentimentos usando tão bem as palavras. Esta jornadeira conseguiu e muito bem.
ResponderExcluirParabéns, Joana!
Jô, achei o texto belíssimo. Mesmo não conhecendo o grupo tive a nítida sensação de pertencer ao mesmo. Me vi em Santa Maria (que não conheço), e participei da seresta me divertindo e sentindo nostalgia com as referências musicais. Sem pieguices, muito bom!!! Parabéns. Ache mais tempo para escrever mais. Beijos!
ResponderExcluirQue lindo, Joana! agora é que fui tirar tempo para ler os textos das jornadas... adorei!!
ResponderExcluirVou sentir muitas saudades de ti e do Zé!....
beijos direto do Pará,
Lu.