A Jornada de março acontecerá no próximo dia 19 (domingo), no distrito de Tijuaçu, município de Senhor do Bonfim (BA). Tijuaçu é uma comunidade com aproximadamente 5 mil habitantes, remanescente de quilombo e com grande importância histórica.
Conforme (1),
"No imaginário popular, Tijuaçu descende de três mulheres negras, escravas, fugitivas de uma senzala do litoral baiano, depois de uma longa e muito desgastante caminhada chegaram à beira de um pequeno lago, onde pararam para descansar. Não sabemos qual foi o principal motivo - o cansaço, o sentimento de sentirem-se já seguras, algum encontro com alguém..., mas algo aconteceu, pois desta vez decidiram não seguir mais o caminho.
Já se sentiram livres, já chegaram à "sua terra prometida". Diante dos seus olhos tiveram a preciosa água e uma terra fertil para plantar. Ao redor havia um mato cheio de plantas e animais. Entretanto, as duas das três mulheres sumiram no esquecimento do tempo e só uma, Maria Rodrigues, popularmente chamada Mariinha Rodrigues, tornou-se uma parte da memória do povo de Tijuaçu, a grande mãe de muitos deles. Uma mulher forte, persistente, livre e cheia de dignidade, as características, que herdaram os descendentes dela, que hoje estão vivendo no distrito de Tijuaçu, no município de Senhor do Bonfim e em vários lugares da Bahia e do Brasil."
Do ponto de vista cultural, a importância de Tijuaçu pode ser conferida principalmente através da manifestação conhecida como Samba de Lata. Ainda de acordo com (1),
"Segundo os relatos, o começo desta dança está ligado aos mais difíceis tempos da seca, que se deram sobretudo nos anos 1900 e 1932/33, sendo os seus mais conhecidos e primeiros dançadores Martim Rodrigues da Silva (conhecido como "Caboclo") e sua esposa, Genoveva de Jesus, esta, uma grande líder do povo de Tijuaçu (...) conseguir a água no tempo da seca era muito difícil.
As pessoas iam buscá-la muito longe, nos tanques dos fazendeiros brancos, sendo que nem todos a deixavam pegar. O povo estava com fome, com sede, muitas vezes fraco e adoentado, mas, mesmo assim, não perdia a alegria de viver. Para esquecer a difícil situação sua e dos seus, indo com as latas vazias buscar a água, alguém começou a imitar a batida da palma da mão e na lata a voz de um pássaro, que se ouvia naquele momento a cantar. Algum outro inventou na hora algum letra, outros começaram a bater palmas e assim, do sofrimento de um povo, da voz de um pássaro e da alegria de vida surgiram a música e a dança que os filhos e os netos dos inventores chamam de Samba de Lata (...) Com o tempo, para esquecer da penúria da seca e de suas consequências, e mais tarde como já um costume, os mais velhos juntavam a moçada, para se divertirem reunidos numa roda de samba. Mesmo indo para algum trabalho na roça, como catar mamona, onde as latas eram usadas como instrumento de trabalho na roça, como catar mamona, onde as latas eram usadas como um instrumento de trabalho, as pessoas no caminho criavam o ritmo do samba, dançando, cantando e divertindo no caminho da lavoura."
Nossa Jornada terá o objetivo, portanto, de conhecer a comunidade de Tijuaçu , sua história e sua manifestação cultural mais importante. O programa inclui apresentação dos responsáveis pela comunidade, visita à comunidades próximas e pontos históricos, apresentação do Samba de Lata e almoço.
Nós partiremos de Petrolina (praça do Centenário, ao lado da igreja Matriz) às 6:00h do domingo. A nossa programação em Tijuaçu tem início marcado para às 8:30h deste mesmo dia. A nossa saída de Tijuaçu está prevista para às 17:00, com chegada em Petrolina prevista para às 19:30h. O micro-ônibus tem 25 vagas e o rateio ficou em R$60,00 por pessoa (para um grupo de 20 pessoas), e deverá ser pago no dia. Este rateio cobrirá as despesas de transporte e também o cachê do Samba de Lata. As refeições serão por conta de cada um e não estão incluídas neste valor. O prazo para inscrições termina no dia 14/03, terça-feira da semana que vem, e elas não poderão ser canceladas após este dia.
Deixo aqui registrado um agradecimento muito especial para o jornadeiro José Carlos Costa de Amorim, que não apenas apresentou a proposta desta Jornada, como também fez contato com a comunidade e organizou os detalhes da nossa visita.
Para mais informações sobre Tijuaçu e o Samba de Lata, clique (1) aqui e (2) aqui.
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