Na sua homenagem, Joana usa a metáfora dos super-heróis para traçar um perfil do grupo, dos seus membros e das suas atividades. Um texto tocante, em que ela fala sobre as nossas armas, a nossa missão, o nosso poder e a nossa identidade. Um texto que emocionou a todos que ouviram a sua leitura sobre o asfalto rápido, depois de um dia cansativo na Gruta de Patamuté.
Obrigado, Joana, pelo presente e pela sensibilidade. Você, mais do que fotografia, foi capaz de capturar a essência de um grupo complexo e por isso mesmo muito rico. Obrigado por fazer parte do Jornadas Fotográficas!
Agora, o texto:
O Grupo Jornadas Fotográficas do Vale do São Francisco completou quatro anos de existência. Os 246 fotógrafos, repetidas vezes, se preparam para o ataque! É possível afirmar que os jornadeiros são heróis? Não, são super-heróis. Desde quando a astúcia, agilidade, força, senso de justiça, visão de raio x e flexibilidade são características desse grupo? Como justificar o empoderamento desses fotógrafos?
É chegada a hora de transformar a realidade e a arma mais temida foi acionada, agora ao ataque. Todavia as estratégias e o tino observador é algo que não pode ser abstraído de um herói. A missão de cada um é ver a beleza escondida. Quando um jornadeiro diz: “Eu tenho a força, sou invencível”, manifesta no seu olhar um certo poder no qual a transformação logo acontece. E não é o clic com sua lente potente e um cano extenso que elimina aquele que possui uma máquina mais simples. Mas a junção das habilidades e astúcia de cada um garantirá um resultado surpreendente.
Wolverine, a Mulher Maravilha, o super Mau Mau, o onipotente MÔ, o infalível Meninão e a invisível Dedo de Aranha foram acionados para o combate. Mas o vilão mora na rua ao lado e está jogando bola, para lá e para cá. Todos estão prontos para usar seus poderes. Os clics são ativados e uns pretendem capturar o olhar angelical de sua presa; outros flagram um detalhe da vestimenta que revela o quão carente é o seu alvo; alguns pretendem sugar a energia do sol que forma um belíssimo contra luz no cabelo. E como é de se esperar, a Mulher Maravilha, escala a montanha mais alta, ajusta sua angular, usa o zoom e retrata esse ser na sua total carência e pequenez.
Através do sentido da visão o fotógrafo evoca os sentidos em suas imagens. E cada um, parte daquilo que mais o interessa. O que faz a diferença para o poderoso Cris, talvez, não o faça para o destemido Marcus. A objetiva mais para a esquerda, direita, levantada, aproximada ou preferencialmente um plano mais aberto revela gostos, vivencias e desejos de fotógrafos. E já dizia Kant que “Nós não vemos as coisas como elas são, mas como nós somos”. E assim, a multiplicidade de recortes de uma realidade transforma-se em singularidades de um grupo cheio de aptidões.
São tantas as jornadas! Serra dez, Bodocó, Serra da Capivara, Vaquejada, Serrote do Urubu dentre tantas, e cada uma diferente da outra. Sendo o grupo composto por tantos, o herói dito e expresso neste texto é por hora controverso, pois também é uma pessoa comum, hora indeciso e presente em suas manias e loucuras. Assim também, Macunaíma o era.
Essa incursão por terras desconhecidas transforma os jornadeiros em desbravadores, e por vezes, as diversas habilidades são ativadas quando precisam passar por dentro de buracos tão pequenos que muitos duvidam se é possível ultrapassar. Além da flexibilidade, equilíbrio, persistência e destreza outros poderes são referenciados, pois lugares íngremes e altos são muito comuns para essa galera. Portanto, não é à toa que são protagonistas de belíssimos registros que depõem simplicidade, técnica, glamour e por que não, verdadeiras obras de arte.
Todavia, se não houvesse interessados nesta arte, não precisariam melhorar suas estratégias de captura. As trocas e aprendizagens constituem instantes que dialogam sobre as formas eficazes de controlar seus poderes. Cada plano é traçado considerando a esperteza do opositor, e por isso, os encontros marcam momentos sérios ou descontraídos, no qual o foco é como perseguir a presa, usar a luz estonteante ou a escuridão inebriante enquanto recurso, estreitar laços, aperfeiçoar os detalhes da captura ou descobrir qual o ISO conveniente.
Portanto, para o Grupo Jornadas Fotográficas do Vale do São Francisco, celebrar e comemorar as aventuras bem sucedidas é como degustar um vinho da melhor safra. Sendo assim, a superação está apenas na corrida por um desejo, na busca e satisfação em alimentar egos a partir dessa viagem no mundo dos registros, da fotografia, na busca do belo. Enfim, a metáfora procede, e quatro anos para esses super-heróis só representam a busca por mais primor, refinamento nos seus poderes e a sede por mais sabedoria. O grupo merece Parabéns!!!!
Joana Pereira.
Descrição sensível e carregada de múltiplas composições. Lindo texto, Joana. Adorei o onipotente Mô. Obrigado pelas carinhosas palavras. Me sinto contemplado.
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