Expedições mensais de exploração e documentação das belezas naturais, das atrações turísticas, do estilo de vida, das tradições, da história e da cultura no sertão nordestino e no Vale do São Francisco.
segunda-feira, 20 de março de 2017
Uma lata e muita história
Os primeiros jornadeiros começaram a chegar juntamente com os primeiros raios de sol. Eram 6:00h da manhã e o grupo se formava na praça do Centenário, centro de Petrolina. Nosso micro-ônibus partiu, com 25 pessoas, pouco depois das 6:30h. Fizemos uma curta parada num posto de gasolina no caminho e chegamos em Tijuaçu às 9:15h. Lá, fomos logo identificados e recebidos pelo Valmir, o líder da comunidade quilombola que nos acompanhou durante todo o dia.
Nem entramos na área urbana da comunidade e já seguimos direto para a comunidade vizinha de Quebra Facão, onde conhecemos um pouco da história da região (contada pelo Valmir), uma casa de farinha (em plena operação no domingo!) e um terreiro de umbanda. Depois de uma caminhada pela vila, seguimos para uma outra comunidade, a do Alto Bonito. Lá, conversamos com moradoras antigas (com mais de 50 anos no lugar) e ouvimos as suas histórias também. Em todo o percurso, muitas retratos bacanas de moradores idosos e de crianças lindas.
Finalmente, entramos em Tijuaçu e fomos logo conhecer as duas famosas "barrigudas", árvores centenárias que remetem e fazem parte da história dos quilombos que ali surgiram de forma pioneira no interior da Bahia. Após aprendermos um pouco mais com as explicações do Valmir à sombra das árvores, nos dirigimos a pé para o centro cultural do local onde, depois de novas explicações sobre a origem, as características e a importância do Samba de Lata, finalmente puder assistir à tão esperada apresentação de dança e música.
Ainda contaminados pela energia exalada pela mesma, fizemos fotos com a percussionista (da lata) e as dançarinas. Já passava das 13:00h quando nos dirigimos, então, ao restaurante de uma das integrantes do grupo para apreciar a comida simples e saborosa num ambiente de muita alegria, confraternização e ótimo atendimento.
Entre 14:00 e 15:30h, depois do almoço, alguns aproveitaram para colocar a conversa em dia na sombra, enquanto outros resolveram explorar um pouco mais da vila com novas imagens, debaixo do sol forte. Por volta das 16:00h entramos no micro-ônibus e tomamos o rumo do nosso ponto de partida, com uma única parada em Flamengo para comprar umbu e umbu-cajá. O cansaço, por causa do pouco do sono e do sol, finalmente tomou conta de grupo e o sono reinou no restante da viagem. Chegamos tranquilos e felizes um pouco antes das 19:00h. Fizemos ótimas fotos, conhecemos uma história bonita, descobrimos uma manifestação cultural muito interessante e conhecemos e convivemos com pessoas maravilhosas em todos os pontos por onde passamos.
Deixamos registrado aqui os nossos profundos e especiais agradecimentos ao Valmir, pela disponibilidade e carinho com que recebeu o nosso grupo em Tijuaçu. Deixamos, também, o nosso reconhecimento e o nosso agradecimento para todos os moradores, sejam eles crianças, adultos ou idosos, com os quais tivemos a oportunidade de interagir, ainda que rapidamente. Todos eles se mostraram extremamente simpáticos, gentis e solícitos, e por isso ganharam rapidamente a nossa admiração. Esperamos ter a chance de voltar em breve para matar as saudades que já são consenso entre os participantes da Jornada.
sábado, 18 de março de 2017
Tradição à espera de um futuro
Entre tantas possibilidades, a edição das fotos produzidas durante a realização da 66ª Jornada Fotográfica em fevereiro no Mercado Municipal de Juazeiro, a presente destaca, pela ordem, o acesso e a entrada principal do Mercado, as barracas e os seus proprietários, a senhora que trabalha como debulhadora de feijões, a mãe e o filho que trabalham numa banca de peixes, alguns freqüentadores, o precário galpão principal e as ruas que formam o mercado, o impressionante comércio de carnes, a profusão de gatos que habitam o lugar, a diversidade dos itens ofertados e, finalmente, algumas cenas que de tão abstratas nem parecem ser de um mercado.
É certo que o mercado necessita de reformas e melhorias. Mas também é certo que ele continua sendo um importante centro de abastecimento para a população da cidade, além de despertar e aguçar a curiosidade visual dos nossos jornadeiros, como atestam as imagens desta seleção. De qualquer forma, esperamos que elas ajudem o mercado a se reerguer e continuar servindo à população da cidade por muitos e muitos anos. Para nós foi um prazer imenso fazer estas fotos, por isso esperamos que elas sejam também do agrado de todos que ali trabalham e freqüentam.
quinta-feira, 9 de março de 2017
Convocação para a 67ª Jornada Fotográfica - Tijuaçu
A Jornada de março acontecerá no próximo dia 19 (domingo), no distrito de Tijuaçu, município de Senhor do Bonfim (BA). Tijuaçu é uma comunidade com aproximadamente 5 mil habitantes, remanescente de quilombo e com grande importância histórica.
Conforme (1),
"No imaginário popular, Tijuaçu descende de três mulheres negras, escravas, fugitivas de uma senzala do litoral baiano, depois de uma longa e muito desgastante caminhada chegaram à beira de um pequeno lago, onde pararam para descansar. Não sabemos qual foi o principal motivo - o cansaço, o sentimento de sentirem-se já seguras, algum encontro com alguém..., mas algo aconteceu, pois desta vez decidiram não seguir mais o caminho.
Já se sentiram livres, já chegaram à "sua terra prometida". Diante dos seus olhos tiveram a preciosa água e uma terra fertil para plantar. Ao redor havia um mato cheio de plantas e animais. Entretanto, as duas das três mulheres sumiram no esquecimento do tempo e só uma, Maria Rodrigues, popularmente chamada Mariinha Rodrigues, tornou-se uma parte da memória do povo de Tijuaçu, a grande mãe de muitos deles. Uma mulher forte, persistente, livre e cheia de dignidade, as características, que herdaram os descendentes dela, que hoje estão vivendo no distrito de Tijuaçu, no município de Senhor do Bonfim e em vários lugares da Bahia e do Brasil."
Do ponto de vista cultural, a importância de Tijuaçu pode ser conferida principalmente através da manifestação conhecida como Samba de Lata. Ainda de acordo com (1),
"Segundo os relatos, o começo desta dança está ligado aos mais difíceis tempos da seca, que se deram sobretudo nos anos 1900 e 1932/33, sendo os seus mais conhecidos e primeiros dançadores Martim Rodrigues da Silva (conhecido como "Caboclo") e sua esposa, Genoveva de Jesus, esta, uma grande líder do povo de Tijuaçu (...) conseguir a água no tempo da seca era muito difícil.
As pessoas iam buscá-la muito longe, nos tanques dos fazendeiros brancos, sendo que nem todos a deixavam pegar. O povo estava com fome, com sede, muitas vezes fraco e adoentado, mas, mesmo assim, não perdia a alegria de viver. Para esquecer a difícil situação sua e dos seus, indo com as latas vazias buscar a água, alguém começou a imitar a batida da palma da mão e na lata a voz de um pássaro, que se ouvia naquele momento a cantar. Algum outro inventou na hora algum letra, outros começaram a bater palmas e assim, do sofrimento de um povo, da voz de um pássaro e da alegria de vida surgiram a música e a dança que os filhos e os netos dos inventores chamam de Samba de Lata (...) Com o tempo, para esquecer da penúria da seca e de suas consequências, e mais tarde como já um costume, os mais velhos juntavam a moçada, para se divertirem reunidos numa roda de samba. Mesmo indo para algum trabalho na roça, como catar mamona, onde as latas eram usadas como instrumento de trabalho na roça, como catar mamona, onde as latas eram usadas como um instrumento de trabalho, as pessoas no caminho criavam o ritmo do samba, dançando, cantando e divertindo no caminho da lavoura."
Nossa Jornada terá o objetivo, portanto, de conhecer a comunidade de Tijuaçu , sua história e sua manifestação cultural mais importante. O programa inclui apresentação dos responsáveis pela comunidade, visita à comunidades próximas e pontos históricos, apresentação do Samba de Lata e almoço.
Nós partiremos de Petrolina (praça do Centenário, ao lado da igreja Matriz) às 6:00h do domingo. A nossa programação em Tijuaçu tem início marcado para às 8:30h deste mesmo dia. A nossa saída de Tijuaçu está prevista para às 17:00, com chegada em Petrolina prevista para às 19:30h. O micro-ônibus tem 25 vagas e o rateio ficou em R$60,00 por pessoa (para um grupo de 20 pessoas), e deverá ser pago no dia. Este rateio cobrirá as despesas de transporte e também o cachê do Samba de Lata. As refeições serão por conta de cada um e não estão incluídas neste valor. O prazo para inscrições termina no dia 14/03, terça-feira da semana que vem, e elas não poderão ser canceladas após este dia.
Deixo aqui registrado um agradecimento muito especial para o jornadeiro José Carlos Costa de Amorim, que não apenas apresentou a proposta desta Jornada, como também fez contato com a comunidade e organizou os detalhes da nossa visita.
Para mais informações sobre Tijuaçu e o Samba de Lata, clique (1) aqui e (2) aqui.
domingo, 5 de março de 2017
Uma manhã no tradicional mercado
O ano começou animado com a realização da 66ª Jornada Fotográfica no Mercado Municipal de Juazeiro no último dia 18 de fevereiro. Na manhã daquele sábado, 19 jornadeiros se reuniram na porta do mercado, às 7:00h da manhã, e ali ficaram até a hora do almoço fotografando de tudo: feirantes, barracas, produtos e transeuntes.
Foi um encontro divertido e ao mesmo tempo produtivo, por causa da quantidade de assuntos, de cores, texturas e personagens que encontramos no local. Todos, por sinal, extremamente simpáticos e receptivos com o nosso grupo.
Depois de quase cinco horas de trabalho, uma parte do grupo foi almoçar no Bode Assado do Papa's, onde a conversa se estendeu por mais algumas horas. Foi uma Jornada muito gratificante, na qual tivemos o prazer de conhecer e receber novos amigos jornadeiros, entre eles o Dartanhan, a Iris e a Ana Selena. Além disso, tivemos a honra de contar também com a presença do professor Antônio e seu colega Gilmar, da UERJ. Sejam todos bem-vindos e apareçam mais vezes!
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