sábado, 19 de novembro de 2016

Dos caniôns à Grota do Angico


Piranhas, situada na divisa entre Alagoas e Sergipe, possui cerca de 20.000 habitantes, é a única cidade do semi-árido nordestino tombada pelo patrimônio histórico e desfruta de uma localização privilegiada numa espécie de vale que dá acesso às aguas do Velho Chico. E foi justamente para lá que nós nos dirigimos na manhã do dia 12 de novembro, sábado, a fim de promover a 64ª Jornada Fotográfica do Vale do São Francisco.

Embarcamos na nossa van pontualmente às 7:30h, para uma viagem que se estendeu por 6h30m (sendo 5h40m de deslocamento e 50m de paradas). Chegamos em Piranhas pouco depois das 14:00h e fomos direto para o almoço, num dos vários restaurantes que ocupam a orla principal da cidade, conhecida como "Prainha", no centro histórico. Assim, reunimos energia para escalar os 360 degraus da escadaria que leva até o topo de um dos dois mirantes que abraçam a cidade. De lá de cima, pudemos apreciar a magnífica vista do leito do rio se perdendo por entre as montanhas, e também ter uma visão geral da cidade sucumbindo ao anoitecer. Depois de um banho rápido na pousada, retornamos ao centro histórico para jantar e, juntamente com muitos outros turistas e visitantes, curtir a festa que tomava conta do lugar, com direito à show de cangaceiros e cangaceiras, música regional e, finalmente, uma animada quadrilha de São João.

No segundo dia, domingo, fomos logo para uma agência de turismo contratar os passeios de barco dos dois dias seguintes e depois nos pusemos a caminhar e fotografar o centro histórico da cidade. Estivemos no Centro de Artesanato, no Museu do Sertão e também subimos os 270 degraus do segundo mirante. Almoçamos na orla novamente e de tarde fomos conhecer a impressionante Usina de Xingó, de onde retornamos com o sol de despedindo. De noite voltamos ao centro, ainda animado, com música brasileira e bares e restaurantes à pleno vapor, porém com menos pessoas do que na véspera.

Começamos o nosso terceiro dia de Jornada debaixo de muito sol e bastante excitados com a perspectiva do passeio de catamarã (com partida às 9:00h) que nos levaria até o Cangaço Eco Parque, distante cerca de 11Km da cidade (~40m de viagem), rio abaixo e do lado de Sergipe (município de Poço Redondo). Lá, encontramos um local de lazer muito bonito e organizado, onde tomamos banho de rio numa área segura, bebemos cervejas e almoçamos. Mas a atração principal foi a trilha, de cerca de 4Km (ida e volta), até o local conhecido como "Grota do Angico", onde Lampião, Maria Bonita e o seu bando foram capturados e decapitados em 1938. Tudo isso com o acompanhamento de guias que reviveram os fatos históricos para nós antes, durante e depois da trilha. Difícil mesmo foi suportar o sol e o calor da caminhada pela caatinga, mas o banho de rio na volta conseguiu repor as nossas forças. 

Chegamos de volta à Prainha por volta das 15:00h, e fomos direto para a pousada tomar banho e trocar de roupa. Afinal de contas, era dia de super lua e precisávamos estar à postos antes dela aparecer no horizonte. Corremos e ainda tivemos tempo de ir conhecer o restaurante Caboclo D´Água, com vista privilegiada para a barragem de Xingó. Em seguida, seguimos para o alto de um dos mirantes, de volta no centro histórico, e ficamos de prontidão para assistir o clarão alaranjado da lua que despontava por trás de uma das montanhas onde está situada Piranhas. De um lado a lua aparecia grande e muito iluminada, e do outro a cidade acendia as suas luzes amarelas ao mesmo tempo em que o rio, azulado, criava um contraste de cores marcante. Descemos as escadarias e jantamos, mais uma vez, no centro histórico, ainda um pouco mais vazio do que na noite anterior. Chegamos na pousada com disposição para consumir, em bancos e cadeiras do lado de fora da mesma, uma garrafa do premiado vinho Testardi, levado pelo nosso amigo Cristiano. Apesar da conversa animada, estávamos exaustos e não demoramos a pegar no sono.

Nosso quarto e último dia foi igualmente bem aproveitado: acordamos cedo e fomos até o restaurante Karranca´s, no lago formado pela barragem, e de onde partiria o catamarã que nos levaria até os famosos caniôns do São Francisco, dessa vez num percurso um pouco mais longo (16Km rio acima, cerca de 1h de viagem). Partimos às 9:30 e navegamos pela vastidão do lago artificial, apreciando as elevações rochosas que nos circundavam e usufruindo do excelente serviço de bordo. Quando chegamos ao nosso destino, estávamos entre paredões de grande altura e beleza, e lá fizemos inicialmente um passeio em pequenas canoas por entre estreitos canais. Depois, curtimos as geladas águas do Velho Chico numa área delimitada e em total segurança. Saímos de lá às 11:30h e chegamos no atracadouro às 12:30, já com saudades do lindo visual, do frio da água, das brincadeiras e do vento no rosto. Fomos então almoçar no restaurante Lampião, próximo do centro histórico, e de lá tomamos a estrada em direção à Petrolina. Partimos por volta das 15:00h, paramos na beira da estrada em Petrolândia para tomar um espumante gelado levado pelo Cristiano, e chegamos em casa pouco depois das 21:00h.

Foi uma viagem excepcional, tanto do ponto de vista cultural quanto do ponto de vista das belezas naturais. Tudo isso, temos certeza, está gravado com grande talento e competência nos cartões de memória do nosso grupo de 13 jornadeiros que participou desta etapa. Afinal de contas, motivos e paisagens não apenas não faltaram como desfilaram com grande abundância pela nossa frente, do primeiro ao último minuto em que tivemos o privilégio de conhecer e passear por Piranhas e pela sua história.

Um comentário:

  1. Mais uma super jornada! Acabo de retornar a ela com esse texto tão meticuloso, emoções e sensações revividas. Tenho muito orgulho em fazer parte desse "bando" e muita memória boa guardada, no coração e no cartão da câmera ;).

    ResponderExcluir