Foi uma Jornada intensa, surpreendente e memorável. Daquelas em que, apesar de todo o planejamento, o resultado excede as melhores expectativas. Tudo começou por volta das 6h00 da manhã do sábado, dia 21 de abril, quando o grupo de nove pessoas se reuniu na praça do Centenário, no centro de Petrolina, para esperar a van que faria o nosso transporte e que chegou logo em seguida.
A partir daí, fizemos uma viagem sem paradas até Remanso, durante cerca de 2h30m. Lá chegando, fomos num restaurante de beira de estrada para fazer um lanche e depois seguimos para a represa de Sobradinho. Nela, avançamos pouco, pois as águas já cobriram grande parte das ruínas que visitamos em Jornada anterior. Neste local, a estrada de areia e terra se transforma em lago e crianças nadam onde até outro dia circulavam carros sobre o leito seco da represa. Depois dessa parada, fomos até o cais novo, onde a Balsa Iemanjá nos aguardava para a travessia.
Antes, porém, tivemos um tempo para fotografar o local, em especial a imensidão da represa que acumulava cerca de 40% do seu volume de águas. Entramos na balsa com a nossa van e, sozinhos, fizemos o percurso de pouco mais de duas horas até Aldeia, em Sento Sé. No caminho, muitas fotos do lago e da vegetação. Na chegada, fotos da margem e das aves qe ali habitam. O sol estava ameno, pois o céu estava coberto de nuvens, e isso tornou a viagem mais agradável (sem falar, é claro, das cervejas levadas pelo Ricardo e dos espumantes levados pela Ana Rita).
O céu já estava ficando escuro quando desembarcamos na Aldeia por volta das 13h30m. Seguimos então por uma estrada de terra, debaixo de chuva intensa, por 24Km até Sento Sé. A chuva nos impediu de fazer a parada prevista para tirarmos foto da Capela de Itapera, mas iríamos voltar no dia seguinte para corrigir o problema. Na chegada em Sento Sé fomos direto para o hotel, deixamos as nossas coisas nos quartos e saímos em busca de um local para almoçar. Com grata satisfação, descobrimos um restaurante, ao lado do hotel, onde comemos um excelente bode. A chuva, a esta altura, já tinha ido embora e o sol e o calor voltavam a reinar.
Depois do almoço fomos conhecer a orla de Sento Sé, local onde ficam estacionados barcos de passageiros e de pescadores, e de onde também se pode apreciar uma linda vista da represa e da margem oposta. Cansados, retornamos para o hotel antes do escurecer, descansamos, tomamos banho e nos preparamos para o jantar, uma mistura de tapiocas com outros petiscos regados à cerveja e consumidos na calçada em frente à principal praça da cidade.
O dia seguinte, domingo 22, começou cedo. Tomamos café da manhã às 7h00 e entramos na van antes das 8h00. A ideia era voltar na Capela, depois fazer a trilha que fica no morro atrás da cidade, continuar pelo porto antigo e depois iniciar a viagem de volta, fazendo mais uma parada em Piçarrão para apreciar a vista da represa. Os planos, no entanto, mudaram radicalmente quando fomos pedir informações para a D. Geralda, dona do hotel, e em especial para o seu filho Marcelino. Eles nos contaram que havia uma trilha que permitia chegar até a Capela e, principalmente, que nós deveríamos conhecer a Ilha das Andorinhas, nas proximidades da Capela.
Assim, fomos guiados até a trilha da Capela pelo Marcelino, que seguiu de moto na frente da van pela estrada de terra. Lá, conhecemos um exótico cemitério de animais onde ossos se espalham pelo chão num cenário bucólico/surrealista. Logo adiante, uma trilha de algumas centenas de metros nos levou até a Capela, no meio do morro, onde uma magnífica vista panorâmica da região encheu os nossos olhos.
Depois da Capela, a dúvida: arriscamos ir até a tal da Ilha das Andorinhas ou retornamos à cidade para fazer a trilha do morro? A decisão se revelou a mais acertada de todas. Apesar das incertezas e do risco envolvidos na escolha, preferimos enfrentar sozinhos (o Marcelino não pôde nos acompanhar) os 11Km de estrada de terra alagada, com lama e areia, e conhecer um local paradisíaco nas margens da represa de Sobradinho.
Na chegada, um portão trancado com um cadeado prometia por fim à nossa aventura que mal tinha começado. Traçamos uma estratégia, pulamos o portão e logo depois encontramos com o proprietário do local, que nos saudou e nos orientou sobre como andar pela propriedade e o que conhecer lá dentro. Sobre area fofa, caminhamos e seguimos com a nossa van em direção ao local conhecido como "Praia 2", tendo deixado para uma outra ocasião a "Praia 1".
Estacionamos debaixo de uma sombra generosa e iniciamos a exploração. Foram mais de três horas andando sobre dunas belíssimas, num local ainda selvagem e totalmente preservado, praticamente livre da influência humana. A água é verde, por causa da grande quantidade de matéria orgânica, e o cenário todo lembra o de uma praia, como em Cumbuco (CE), Genipabú (RN) ou mesmo as Dunas do Velho Chico, em Casa Nova (BA). Numa das extremidades desta faixa de areia, pescadores trabalhavam em pleno domingo tirando plantas das suas redes e se organizando para novas pescarias no lago.
Eram quase 14h00 quando decidimos voltar, apesar da vontade que querer ficar ali pelo resto do dia. Assim, optamos por almoçar no mesmo restaurante do dia anterior em Sento Sé e pegar a estrada logo em seguida, deixando as outras atrações para uma próxima visita. Dito e feito, pegamos a estrada por volta das 15h30m e chegamos em Juazeiro às 18:30h. Estávamos exaustos mas muito felizes com tanta beleza que tivemos a oportunidade de apreciar durante o dia. As fotografias, com certeza, serão o atestado definitivo das experiências únicas que vivemos neste final de semana. Um local onde ainda há muita coisa interessante para explorar e para onde certamente retornaremos em breve.
Expedições mensais de exploração e documentação das belezas naturais, das atrações turísticas, do estilo de vida, das tradições, da história e da cultura no sertão nordestino e no Vale do São Francisco.
quarta-feira, 25 de abril de 2018
quinta-feira, 5 de abril de 2018
Convocação para a 78ª Jornada Fotográfica - Travessia Remanso à Sento Sé
A Jornada de abril acontecerá nos próximos dias 21 (sábado, feriado de Tiradentes) e 22 (domingo). Dessa vez, nós iremos dar uma volta praticamente completa na represa de Sobradinho, incluindo uma travessia de balsa entre Remanso (BA) e Sento Sé (BA).
A ideia é partir às 6:00h da manhã do sábado, dia 21, seguindo pela BR-235 até Remanso e passando por Casa Nova. Chegando em Remanso por volta das 9:30h, iremos até o cais novo para pegar a balsa Iemanjá que faz a travessia para Sento Sé. Trata-se de uma balsa que transporta veículos e passageiros, e onde já temos uma reserva feita para o dia 21. A partida está prevista para às 11:00h, e neste meio tempo poderemos fotografar um pouco da represa de Sobradinho, desta vez com o nível da água bem mais elevado do que quando estivemos lá em maio de 2015.
A travessia para Sento Sé leva cerca de 2h20m, por isso a previsão de chegada no povoado de Aldeia, em Sento Sé, é para as 13:30h. Chegando em Aldeia tomaremos uma estrada de terra por cerca de 24Km até o centro de Sento Sé, onde almoçaremos no centro da cidade às 14:30h. Antes disso, faremos uma parada para fotografar uma capela solitária incrustada na encosta de um morro local. Logo depois do almoço, por volta das 16:30h, iremos até a orla da cidade onde banhistas, barcos e animais enfeitam a margem sul da represa, enquanto a margem norte pode ser apreciada do lado oposto. Um final de tarde ideal para a produção de fotografias de grande beleza. Terminado o dia faremos o pernoite da Pousada da Geralda, um local familiar, agradável, limpo e simpático, onde a dona (Geralda) irá nos receber com grande alegria.
No dia seguinte, domingo 22, retomaremos a viagem às 8:00h da manhã. Na saída de Sento Sé visitaremos o antigo porto da cidade, onde outra linda vista da represa e do seu entorno poderá ser apreciada e fotografada. A partir daí, enfrentaremos os cerca de 150Km que separam Sento Sé de Sobradinho pela BA-210 (na verdade, a BA-210 é o único acesso por terra para sento Sé). Serão inicialmente cerca de 50Km de asfalto até o começo do trecho de terra. Neste segundo trecho, de 48Km, a velocidade será reduzida pois além das dificuldades inerentes ao piso existem também algumas obras sendo executadas no local. De qualquer forma, todo este trecho de quase 100Km é de grande beleza, com as águas da represa nos acompanhando do lado esquerdo e grandes e lindas formações rochosas do lado direito.
O trecho de terra termina em Piçarrão, um distrito de Sento Sé (Sento Sé é o terceiro maior município da Bahia em área territorial). Ali iremos fazer uma parada para nos aproximar novamente da represa, o que será feito por uma estrada de terra e areia com cerca de 7Km de extensão. Neste local poderemos, mais uma vez, apreciar e fotografar a imensidão da represa e do seu entorno.
De volta para a BR-210, atravessaremos o rio Piçarrão por cima de uma ponte e seguiremos por outros 50Km até Sobradinho. Em todo o caminho, passaremos por duas usinas eólicas, uma situada em Piçarrão e outra em Sobradinho. Uma vez em Sobradinho já estaremos quase no final da nossa viagem, pois restarão apenas outros 50Km até Juazeiro. Dependendo dos tempos envolvidos, poderemos almoçar em Sobradinho ou então antecipar o retorno. Neste caso, a previsão é de chegada em Petrolina por volta das 14:00h.
As datas importantes para esta Jornada são as seguintes:
- Inscrições até o dia 12/04, quinta-feira da semana que vem;
- Desistências sem ônus até o dia 15/05, domingo.
Esta será uma Jornada que nos levará para uma região em que ainda não estivemos: a margem sul da represa de Sobradinho. Além disso, ela inclui uma travessia que nos permitirá aferir toda a dimensão e a grandiosidade da represa, sem contar os lugares que iremos conhecer em Sento Sé e Piçarrão. Por tudo isso, será uma expedição memorável que produzirá experiências e fotografias certamente inesquecíveis.
Para mais informações, algumas fotos e um mapa com o trajeto que iremos fazer, clique aqui.
Francisco, Zezé e as rapaduras
Aqui estão as 116 fotografias produzidas por 12 jornadeiros que, no último dia 18 de março, se aventuraram pela zona rural de Jaguarari e Senhor do Bonfim num percurso que visitou quatro engenhos de cana-de-açúcar.
A seqüência começa na antiga ponte abandonada e continua pelos engenhos do seu Francisco e da sua esposa Ana, do seu Zezé, com quem tivemos a oportunidade de inteagir de forma mais intensa, e de outros dois ainda.
As imagens revelam toda a simplicidade dos engenhos visitados, com suas moringas de água, vassouras de piaba, tachos de cobre e utensílios variados espalhados pela área da produção. Apesar disso, o que mais atraiu a atenção dos fotógrafos foram justamente o seu Francisco e o seu Zezé. Carismáticos e extremamente simpáticos e solícitos, eles nos receberam com grande carinho e compartilharam com farta alegria e até emoção as suas histórias de vida. Tudo isso num ambiente de uma natureza verde, densa e exuberante, composta por bananeiras, mangueiras, jaqueiras e abacateiros, tendo como pano de fundo uma serra de grande beleza e um límpido céu azul.
Vale a pena ainda destacar a seqüência de imagens produzida pelo jornadeiro, fotógrafo e jornalista Cecilio Bastos, que utilizou de recursos de edição para produzir um ensaio fotográfico que evoca mistério e estranhamento em ambientes que tem tanta história para contar. Por isso, o ensaio estimula e provoca a nossa imaginação criando um clima de fantástico para enriquecer o discurso do óbvio e do lugar comum, num resultado bastante gratificante. Parabéns Cecilio e parabéns para todos que produziram esta linda edição e registro de uma atividade em extinção e de personagens tão marcantes e queridos. Esperamos em breve retornar aos engenhos para apresentar os frutos deste trabalho.
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